PADRE
CAMILLO DE LELLIS NOGUEIRA
Apresentação
Apresentação
Neste trabalho apresentamos uma breve biografia do Padre Camillo de Lellis Nogueira, personagem que julgamos interessante para o estudo da HISTÓRIA DA REGIÃO ENTRE O RIO PARDO, NO ESTADO DE SÃO
PAULO, E O RIO GRANDE, NO ESTADO DE MINAS GERAIS, visto ter sido ele criado pelo Capitão Manoel Gonçalves Cintra, irmão do Capitão Felizardo Antunes Cintra, fundador de Ibiraci-MG, e ter participado do episódio das Anselmadas, ocorrido em território francano pelo ano de 1838.
Camillo
de Lellis Nogueira nasceu
e foi batizado na Capela de Nossa Senhora da Lapa dos Olhos d’Água, filial da
Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Prados-MG, atualmente pertencendo ao
município de Entre Rios de Minas-MG:
“Aos vinte de
Janeiro de mil oito centos e quatro, na Capella dos Olhos Dagoa, filial desta
Matris de Prados, o Reverendo Capellão Joze Gomes Rodrigues baptizou, e pos os
Santos Oleos a Camillo esposto em casa
do Capitão Manoel Gonçalves Cintra; forão padrinhos o dito Capitão, e Maria
Clara, solteira, todos desta Freguezia; e para constar mandei fazer este
assento que assignei era ut supra.”
Camillo,
segundo testemunhas em seu Processo de Habilitação de Genere et Moribus,
era filho natural de Mariana, parda; neto materno de Manoel Alves
Innocencio e de Antônia Cardosa. Outrossim, foram unânimes em afirmar que
desconheciam quem seria seu pai.
Órfão
de mãe, e com os avós maternos falecidos, Camillo, com idade de sete
para oito anos, mudou-se para o Aterrado (atual Ibiraci-MG), Termo de Jacuí,
acompanhando seu padrinho de batismo e benfeitor, Capitão Manoel Gonçalves
Cintra.
Ainda
em companhia de seu padrinho de batismo, Camillo transferiu-se para a
Freguesia de Franca (atual Franca-SP). Após o falecimento de seu benfeitor, no
ano de 1823, Camillo passou a residir com o Reverendo Joaquim Martins
Rodrigues, seu padrinho de crisma, nessa mesma localidade.
Na
Freguesia de Franca, Camillo aplicou-se às primeiras letras, e iniciou
sua preparação para ser ordenado padre. Nesse período, de acordo com atestado
do Padre Manoel Coelho Vital, da Matriz de Nossa Senhora da Conceição de
Franca, Camillo desempenhou, por cinco anos, naquela Matriz, a
função de sacristão ...sempre com modéstia, próprio de um coração bem
formado... na minha opinião parece-me que quando consiga o Estado
Sacerdotal a que aspira, se pelo passado posso avançar futuridades sera hum bom Eclesiástico...
Visando,
ainda, o presbiterato, a fim de aperfeiçoar-se
em Língua Latina , Camillo foi para a Freguesia de Aiuruoca-MG. Conforme
o Censo do ano de 1831, dessa freguesia, ele residiu no fogo nº 7, do 3º
quarteirão.
Preparado,
Camillo recebeu em doação, de seu padrinho de crisma, para compor o
patrimônio exigido para sua ordenação sacerdotal, solicitada ao Bispado de São
Paulo:
“...huma
morada de casas que o Reverendissimo Senhor Vigario Collado desta Villa Joaquim
Martins Rodrigues mandou construir na rua do Adro contigua a Igreja Matriz e
Praça da Alegria e confrontão por hum
lado com casas do Capitão Matheus Coelho
da Fonseca e por outro com casas que forão do Reverendo Claudio Joze da Cunha
no valor de oito centos mil reis...”
No
Termo de Obediência que assinou em 07 de Novembro de 1834, Camillo ...disse
que promettia hir depois de Presbytero ser Coadjutor na Villa Franca do
Imperador..., onde realmente serviu, tendo, inclusive, recebido do
Padre Visitador Joaquim Manoel Gonsalves de Andrade, no ano de 1837, elogios
pelo seu trabalho:
“Louvo ao muito o
Reverendo Vigario Encomendado Camillo de Lellis Nogueira pela actividade em
administrar os Sacramentos, e nas mais obrigações Paroquiaes, e lhe rogo
continue, e com brandura, e caridade christã conserve, esplique a Dotrina a
seos Paroqueanos, que de Deos receberá o devido premio.”
Na
Vila Franca, Padre Camillo foi uma das testemunhas arroladas no segundo
processo das Anselmadas, quando descreveu os acontecimentos, que presenciou e
participou, durante as negociações com Anselmo Ferreira de Barcellos.
Em
1839, Padre Camillo deixou de atender na Vila Franca do Imperador.
Entre
os anos de 1839 e 1841, Padre Camillo encontrava-se como Capelão na
Capela de São Sebastião, filial da Matriz de Jacuí (atual São Sebastião do
Paraíso-MG).
Entre
os anos de 1846 e 1853, Padre Camillo foi Vigário na Paróquia de Nossa
Senhora dos Prazeres de Lages-SC.
No
ano de 1856, Padre Camillo, Arcipreste na Vila de Lages-SC, recomendou a
candidatura do poeta francano, Franc de Paulicéa Marques de Carvalho, que
disputava uma cadeira de deputado, pelo distrito de Franca-SP.
Padre
Camillo de Lellis Nogueira faleceu em
Lages-SC:
“Aos vinte e
seis do mez de Fevereiro de mil oito centos e setenta e quatro annos falleceo
da vida presente nesta Parochia de Nossa Senhora dos Prazeres de Lages o
Reverendo Camillo de Lelis Nogueira natural da Provincia de Minas de edade de
setenta annos foi Vigario nesta Parochia desde 1846 athe 1853 foi encomendado e
sepultado no Cemiterio desta Cidade de Lages. E para constar faço este assento.
O Vigro. Antonio Luiz Esteves de Carvº ”
Referências
- VALE, Dario Cardoso. Memória Histórica de
Prados. Belo Horizonte, edição do
autor, 1985.
Referências Digitais
Acervos Consultados
Franca-SP
Arquivo Histórico Municipal “Cap. Hipólito Antônio Pinheiro
Arquivo Histórico Municipal “Cap. Hipólito Antônio Pinheiro
Museu Histórico Municipal “José
Chiachiri"
Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa Histórica–CEDAPH-UNESP/Campus
Arquivo Histórico Diocesano D.
Diógenes Silva MattesCentro de Documentação e Apoio à Pesquisa Histórica–CEDAPH-UNESP/Campus
Ibiraci-MG
Paróquia Nossa Senhora das Dores
PROBRIG – Protetores da Bacia do
Rio Grande
São Paulo-SP
Arquivo Metropolitano Dom Duarte Leopoldo e Silva da Arquidiocese de São Paulo-SP