APORTES
À HISTÓRIA DO
CAPITÃO
HIPÓLITO ANTÔNIO PINHEIRO
Agradecimentos
Agradecemos
a todos aqueles que nos incentivam a continuarmos com nossas pesquisas,
especialmente à Profa. Graziela Alves Correa, Diretora do Arquivo Histórico
Municipal de Franca “Capitão Hipólito Antonio Pinheiro”, ao pesquisador José
Limonti Júnior, da PROBRIG de Ibiraci, à Profa. Margarida Borges Pansani,
Diretora do Museu Municipal de Franca “José Chiachiri”, bem como aos seus
respectivos funcionários, que tão bem nos recepcionam e auxiliam.
Queremos
também registrar o eficiente atendimento que nos prestaram os membros da Igreja
Mórmon de Franca, e a Profª Flávia Villamarim Tegon, do Centro de Estudos Campanhense
Mons. Lefort.
Sumário
Apresentação
Origens
Em busca de novos caminhos
Capitão de Ordenança
Nas divisas de São Paulo e Minas
Gerais
Na Vila Franca do Imperador
Descendência
Considerações Finais
Notas
Referências
Apresentação
Dentro
de nossa proposta de fornecermos SUBSÍDIOS
GENEALÓGICOS PARA A HISTÓRIA DA REGIÃO ENTRE O RIO PARDO, NO ESTADO DE SÃO
PAULO, E O RIO GRANDE, NO ESTADO DE MINAS GERAIS, referentes a personagens
ligados à formação das cidades de Jacuí, Franca e Ibiraci, reunimos, neste texto,
informações existentes sobre Hipólito Antonio Pinheiro.
Tentamos
colocar neste nosso trabalho muito do que há, até o momento, levantado sobre
esse vulto da História Regional, incluindo nossas descobertas, tornadas públicas
já há mais de 6 anos, como o batizado de uma sua filha em Formiga, os óbitos de
dois escravos seus, e de um filho seu recém-nascido, em Jacuí, e uma mais recente,
qual seja, o registro de Felizardo Antunes Cintra nos Mapas de População de
Franca, elaborados por Hipólito, em 1812 e 1813.
Ao
final elaboramos duas hipóteses, uma com referência ao paradeiro de Hipólito,
anteriormente à criação da Freguesia da Franca; outra, quanto à sua ocupação.
Este
texto, já o publicamos no livro da Semana dos Museus, promovida pelo Museu
Histórico Municipal de Franca “José Chiachiri”, em maio de 2014.
Origens
O
Capitão Hipólito pode ser considerado uma das figuras mais importantes para a
História da Região de Franca.
Hipólito Antonio Pinheiro teria
nascido em 1754, de acordo com os dados informados na Lista Geral dos Habitantes existentes no Districto do Rio Pardo thé o
Rio Grande, do ano de 1805, onde também consta ele ser natural da região de
Congonhas do Campo-MG. Todavia, levando-se em conta as idades com que Hipólito
está relacionado nos Mapas de População de 1806 a 1823, feitos sob sua
responsabilidade, e a idade com que faleceu, constante do respectivo assento de
óbito, podemos dizer que Hipólito teria nascido entre 1746 e 1754.
Era
o terceiro dos cinco filhos do casal de portugueses Manoel Gomes Pinheiro e Ana
Rosa de Jesus. Ele, natural da Freguesia de Cambezes, do Concelho de Barcelos,
filho de Gregório Gonçalves e de Cecília Gonçalves de Souza; ela, natural da Freguesia
do Divino Espírito Santo da Ilha do Faial, Bispado de Angra, Arquipélago dos
Açores, filha de Jerônimo Pereira e Maria de Faria. Manoel e Ana
moravam no Arraial do Rio do Peixe,
atual Piracema, então Freguesia de Congonhas do Campo, Termo de Queluz
(Conselheiro Lafaiete), Comarca de São João Del Rei, Minas Gerais. São
considerados o casal tronco da família. Deixaram larga descendência na região
de Desterro de Entre Rios, Passatempo, Rio do Peixe (Piracema) e Carmo do
Cajuru, em Minas Gerais[1].
Após
o falecimento de Manoel, Ana Rosa casou-se, uma segunda vez, com José de
Barcellos Ferreira, gerando mais seis filhos. Aí o parentesco dos Barcelos
Ferreira com Hipólito.
Hipólito
é considerado o fundador de Franca, apesar de, na realidade, ter
sido, isto sim, um expoente, entre tantos outros, que criaram as condições para
a constituição da “Freguezia de Nossa Senhora da Conceição da Franca e Rio
Pardo”, em 1805. E para sua posterior elevação à categoria de vila, então como
“Vila Franca do Imperador”, em 1821. Em correspondência, de 14 de novembro de
1808, enviada ao CapIitão André da Motta de Carvalho, que a encaminhou ao
Governo da Capitania de São Paulo, Hipólito chegou a se dispor construir, a
expensas próprias e de seu Alferes, a Casa da Câmara, Cadeia e Pelourinho,
estrutura exigida para que se concretizasse tal aspiração[2].
Hipólito
fez parte da Irmandade do SS Sacramento em Franca-SP, tendo sido admitido em 10
de junho de 1811[3].
O
Capitão Hipólito casou-se, não se sabe o local, com Rita Angélica do Sacramento, cuja ascendência e naturalidade ainda
se desconhecem, nascida entre 1749 e 1766[4],
falecida, sem testamento, em Franca-SP, em 05 de agosto de 1836, com todos os
sacramentos, seu corpo envolto em habito
do Carmo, enterrada no Cemitério da Igreja Matriz[5].
Como seu marido, Rita também fez parte da Irmandade do SS Sacramento em Franca,
tendo sido admitida em 03 de abril de 1825[6].
Em
busca de novas paragens
Como muitos de seus conterrâneos, Hipólito deixou sua
região de origem em direção ao oeste buscando novas oportunidades. Seu destino foi a região do Arraial de Nossa Senhora
do Desterro das Cabeceiras do Rio das Velhas, atual Desemboque, Distrito do Município
de Sacramento-MG, na época pertencente à Prelazia de Goiás.
Passou
por S. Vicente Ferrer da Formiga, atual Formiga, na época filial da Matriz de
São Bento do Tamanduá, ainda na Capitania de Minas Gerais, local onde sua filha
Leonor foi batizada em 24 de maio de 1779, apadrinhada por João do Couto
Godinho e Anna Luiza, esta com procuração de Luzia Violante de São José,
solteira, da Freguesia do Rio das Mortes[7].
Daí, teria, provavelmente, seguido a rota
que passava por Piuí, atravessava o rio Grande, alcançava uma localidade de
nome [Pouso Alegre], transpunha os rios São Pedro e São João, até chegar a Jacuí,
donde, passando pelo Pinheirinho, seguiu rumo ao Desemboque, próximo às margens
do Rio Grande. Esta rota encontra-se descrita no
“Mapa da Capitania de Minas Geraes com a Deviza de suas Comarcas”, de 1778,
elaborado por José Joaquim da Rocha[8],
original pertencente ao acervo do AHEX-Arquivo Histórico do Exército Brasileiro
RJ/RJ.
Documentalmente,
tudo leva a crer que Hipólito chegou à região por volta de 1783, pois foi
quando nasceu seu terceiro filho, Luciana, batizada no Desemboque. Naquela
localidade também foram batizados todos os seus outros filhos, nascidos entre
1783 e 1799[9].
Com
o falecimento de sua mãe, aos 14 de outubro de 1798, Hipólito esteve em Tiradentes,
Minas Gerais, onde, na Aplicação da Capela de N. Sra. do Desterro, foi aberto o
testamento dela, e processado seu inventário em janeiro de 1799.
Nos
primeiros anos do século XIX, Hipólito encontrava-se instalado na região pertencente
ao Aterrado do Jacuí, Termo da Vila da Campanha da Princesa.
Em abril de 1802, Manoel Francisco Neto[10],
Capitão Comandante de Jacuí, propôs que se formasse no Bairro do Aterrado
(atual Ibiraci) hua companhia de
ordenansa que teria como Capitão Guilherme Pedroso de Barros, como Alferes
o irmão deste, Francisco de Freitas Pedroso, e como Porta-Bandeira, Hipólito[11].
Reforçam
a presença de Hipólito na região, três assentos lavrados no livro nº 3 de
óbitos da Paróquia de Jacuy-MG. O primeiro, em 1803, se refere ao falecimento
de
[...]hum recém-nascido, filho de
Hypólito Antonio Pinheiro e de sua mulher Rita Angélica do Sacramento. Seo
corpo foi sepultado no Rio das Velhas [Desemboque?], sendo fregueses desta
Freguesia, de que para constar mandei fazer o assento, que asigney. O Vigro
Collado Manuel de Freitas Sa.[12]
No segundo, em janeiro de
1804, relativo a Manoel do Gentio da
Guine[13],
e no terceiro, referente a Ana Mulata[14],
falecida em 22 de maio de 1804, consta que ambos eram escravos de Hypólito Antonio Pinheiro, morador do
Ribeirão do Oiro, do bairro do Aterrado, Districto desta Freguezia [de
Jacuy-MG].
Confirma
ainda a localização de Hipólito uma carta, de 27 de novembro de 1808, do
Capitão Miliciano Venâncio Maria Torriani, do Registro de Jacui-MG, dirigida ao
Juiz de Fora José Joaquim Carneiro de M. Costa, onde o mesmo informa que
Hipólito morou para dentro do ribeirão do das Canoas[17]
[em território da Capitania de Minas Gerais].
O
Capitão de Ordenança
Hipólito
foi nomeado para o posto de Capitam da Compa de Ordenança do
Sertão da Estrada de Goyaz, Districto do Rio Pardo athe o Rio Grande termo da
Villa de Mogi mirim, através da Carta Patente expedida pelo Governador da
Capitania de São Paulo, Antônio José da Franca e Horta, datada de 31 de agosto
de 1804, na qual é qualificado como possuidor de toda a Capacidade para
reger, e conter o Gentio daquella Fronteira, em cujo poder ficou a Polvora e
Chumbo destinado à defeza della. Sua escolha se deu por sugestão de Ignácio
Alvarez de Toledo, Tenente pago de Mogi-Guaçu, que, em correspondência dirigida
ao Governador Franca e Horta, dizia ser Hipólito homem com as melhores qualidades para se lhe cometer qualquer coisa.
Ignácio estava encarregado, pelo Governador Franca e Horta, de inspecionar toda
a linha divisória entre São Paulo e Minas Gerais, para tranqüilizar os Povos confinantes desta Capitania [São Paulo] com a de Minas Geraes[18].
Anteriormente
a Hipólito, ocuparam o cargo de Capitão de Ordenanças na região, nomeados pelo
governo de São Paulo, Carlos João de Oliveira[19],
e, posteriormente, Manoel de Almeida, cujos filhos doaram as terras para a
constituição do patrimônio da Freguezia da Franca. Manoel, a quem
Hipólito substituiu, era natural de Lisboa, filho dos também lisboetas Simões
de Almeida e Arcângela Maria de Mello, casado em Moji-Guaçu-SP, em 11 de janeiro
de 1764, com Ana de Souza, natural de Santa Cruz, Capitania de Goiás, filha de
João Siqueira e de Isabel de Souza, neta paterna de Manoel Siqueira e de
Catarina Antunes [20].
E,
como Capitão, Hipólito muito se empenhou, juntamente com outros moradores da
região, na defesa das divisas pleiteadas por São Paulo, contra os mineiros de
Jacuí, um processo que se desenrolou por quase 2 séculos[21].
Um
de seus primeiros atos, em agosto de 1805, foi redigir um ofício[22]
ao Governador Franca e Horta solicitando, em nome dos moradores do território
que estava sob seu comando, a criação de uma Freguesia, para que os mesmos
pudessem ser atendidos espiritualmente. Afirma ainda ao Governador que, em
atendendo a nossa súplica, seremos
felizes, então certifico a V.Exc. que em breve tempo este Sertão fertilizado de
Colonos será um segundo Paraizo desta Capitania. Incluso no tal ofício,
seguiu [...] Mappa, delinamento do Destricto
que V.Exc. me encarregou neste sertão[...].
Esse
mapa, um esboço da região de Franca e Jacuí, já muito conhecido, é bastante
detalhado, o que demonstra seria Hipólito pessoa com certo preparo. Também com
capacidade para redigir um ofício dirigido a uma autoridade. Ainda com relação
à capacidade de Hipólito, Júlio César Bentivoglio[23] levanta uma hipótese sobre a elaboração do discutido
plano em forma de cruz para a urbanização da Freguesia de Franca, segundo a
qual
[...]
tal plano não teria sido obra individual do alferes Manuel Marques de Carvalho,
mas que, possivelmente, tanto o capitão Hipólito, quanto o vigário Joaquim
Martins Rodrigues, teriam participado de sua elaboração [...] indicando suas
inclinações para representar graficamente o espaço físico [...]
Ora,
sendo assim, podemos levantar a hipótese de que ele teria migrado para essa
região já ambicionando obter algum cargo de comando.
Sustentariam
essa suposição, as declarações do já citado Capitão Miliciano Venâncio Maria
Torriani, do Sargento Comandante do Desemboque Guilherme de Barros Pedroso, e
de Manoel Joaquim de Araújo Braga, Soldado pago do Regimento de Cavalaria de
Linha da Praça de Vila Rica, segundo as quais, o Capitão Hipólito teria
solicitado ao Governador da Capitania de Minas, Gal. Bernardo José de Lorena, o
posto de Capitão Comandante da região, pedido este negado com base em
informações de Manoel Joaquim, onde afirmou ser Hipólito hum homem ladrão dos direitos de Sua Alteza Real e costumado a passar
por alto sem vir ao Registo tudo quanto podia [...]. Como não obteve
sucesso em sua pretensão, Hipólito paçousse
a extrada, indo se aliar ao Governo da Capitania de São Paulo.
E
já em dezembro de 1805, por Provimento do Bispo da Cidade de São Paulo, D. Matheus
de Abreu Pereira, datado de 29 de agosto do mesmo ano, foi criada a Freguesia
da Franca e Rio Pardo, atendendo à pretensão de Hipólito e dos moradores
locais. Para a formação do patrimônio da Freguesia, os irmãos Antônio Antunes
de Almeida e Vicente Ferreira Antunes[24],
e a mulher deste, Maria Francisca Barbosa, fizeram doação, à Igreja, de um
quinhão de terras de sua fazenda, denominada Ribeirão de Santa Bárbara. Não se
tratava, conforme consta da escritura de doação, da criação de uma nova
Freguesia, pois na realidade o que houve foi a transferência da Matriz de
Caconde para Franca, ficando esta com a mesma área de atendimento pastoral daquela[25].
Caconde somente voltou a ser freguesia em 1824.
Nos
Mapas de População, elaborados, a partir de 1805, sob a responsabilidade do
Capitão Hipólito, consta que ele se ocupava da agricultura, plantando e
vendendo arroz, feijão, milho, algodão; que criava e comercializava eqüinos e
porcos, e também vendia rapadura e aguardente.
Em
1810, em ofício dirigido a Hipólito, o Governador da Capitania de São Paulo, General
Antônio José da Franca e Horta afirmava que tinha resolvido [...] erigir em Vila essa Freguezia, e nomear a
Vm.cê capitám-mór della em remuneração do oferecimento que fez de fazer a sua
custa a Casa da Camara e Cadêa [...] Porém, Franca e Horta, apesar de ter
permanecido no governo até 1814, não conseguiu levar a cabo seu intento.
Em 1813 decidiu-se pela criação de uma 2ª
Companhia de Ordenanças na região, sob o comando do Capitão José Gonçalves de
Mello[26].
Hipólito passou então a comandar a 1ª Companhia, conforme dados constantes dos
Mapas de População da Região, elaborados a partir daquele ano.
O
desempenho de Hipólito como Capitão de Ordenanças, parece, não agradava a seus
superiores. Passados 10 anos de sua nomeação, em setembro de 1815, o Capitão-Mor
de Mogi-Mirim, oficiou a D. Francisco de Assis Mascarenhas, 6º Conde Palma,
sucessor de Franca e Horta, expondo o pouco
cuidado que [tinha] o Comandante da
Franca [...] em prender os malfeitores, e remette-los às Justiças. Em
resposta, o Governador informava que havia tomado a decisão de, por ora, [dispensar] do Comando da Freguezia da Franca ao Capitão
Hipólito [...], vistas as suas
moléstias, e idade, até que deliberasse se havia de ter baixa do Posto ou ser reformado. O Conde Palma concluiu essa
parte de sua correspondência determinando que o comando da Franca fosse
entregue ao Alferes Heitor Ferreira de Barcelos, irmão uterino de Hipólito, a quem de minha parte recomendará tenha todo
o cuidado em prender aos Facinorozos, e remette-los à Justiças dessa Villa
[de Mogi-Mirim][27].
A
deliberação do Governador, porém, parece foi outra. E Hipólito, em 1816, pede
providências, ao
Nobre
Senado da Villa de Mogimirim,
[para que não ficasse] desfeitiado
[por causa que] um Alcaide e seu Escrivão
auxiliado por hum official pago e muitos apessados, [a mando da Câmara de
Jacuí] botarão o Quartel do aterrado
abaixo e arrancarão o marco da deviza desta Capitania [São Paulo] fincando outro no Ribeirão das Canoaz [...]
porque [estavam] os de Jacuhy mofando [do] Quartel [...][28].
Nas
divisas de São Paulo e Minas Gerais
Por
conta da disputa pela demarcação das divisas entre São Paulo e Minas Gerais,
Hipólito foi acusado, em depoimento do Sargento Comandante do Aterrado do
Desemboque Guilherme de Barros Pedroso[29],
prestado em 23 de maio de 1807, no Arraial do Jacuí-MG, em processo instaurado
pela Câmara da Vila de Campanha da Princesa, Comarca do Rio das Mortes,
Capitania de Minas Gerais, de ter removido o marco de divisa, entre as duas
Capitanias (SP-MG), estabelecida no rio Pardo, avançando 14 léguas para dentro
da Capitania de Minas Gerais, instalando um quartel para garantir a posse, por
parte do governo de São Paulo, do novo território. Contudo, como outros
moradores da região apossada, Guilherme não queria dar obediência ao governo de
São Paulo. Então, declarou, que o dito
Capm. Hipolito Antonio e outros muitos em numero de oitenta e três
todos armados obrigarão a elle testemunha a asignar termo de obediência ao dito governo [...][30].
Este fato foi também testificado por outros depoentes. E logo no Mapa de 1808,
feito por Hipólito, já figuram Guilherme (fogo 009)[31]
e seus dois irmãos, Francisco e Joaquim. E permanecem listados até o Mapa de
1813.
Curioso
que também Felizardo Antunes Cintra, futuro Capitão da Cia. de Ordenança do
Distrito do Aterrado, Termo da Vila do S. Carlos do Jacuí, nomeado pelo governo
da Capitania de Minas Gerais, em 03 de dezembro de 1816, e considerado fundador
de Ibiraci, faz parte de dois dos Mapas que Hipólito elaborou. Em 1812 (fogo
155)[32],
no qual está citado como novo entrante, e em 1813, não constando dos demais.
A
partir dessas informações, poderíamos concluir que Hipólito teria conseguido,
pelo menos por alguns anos, “anexar” o território do Aterrado à Capitania de
São Paulo.
Por
seu turno, Hipólito relata que
[...] Guilherme de Barros Pedroso morador do sitio Aterrado, que empenhado a
puxar dicto lugar para Minas geraes, sem respeitar aos Marcos [...] veio prender a Antonio Rodrigues Gonçalves
morador no já mencionado Lugar, só a fim de ser proposto Commandante de dicto
Território, como aqui he publico[33].
No
mesmo processo acima citado, outras testemunhas declararam que o Capitão Hipólito
era quem encabeçava, conluiado com o Vigário de Mogi-Guaçu, Rev. João Damasceno,
e com o Capitão-Mor José dos Santos Cruz, os
moradores e fazendeiros da Freguesia de Jacuí, e muitos das Gerais, que
desejavam prestar obediência ao governo de São Paulo, com o interesse de não pagarem os Reaes quintos no
Registo[34] tanto das cargas de Fazendas Secos e
Molhados como negros novos e animaes cavallares que entravam para a Capitania
de Minas Gerais.
No
entanto, pelo lado dos paulistas, a opinião sobre Hipólito era outra. Além do
já mencionado Ignácio Alvarez de Toledo, o Vigário de Franca, Pe. Joaquim
Martins Rodrigues, em sua lista elaborada em 1819[35],
a pedido do Governador da Capitania de São Paulo, João Carlos Augusto Oeyenhausen e Gravenburg,
qualifica Hipólito como homem pacífico e
de probidades. Boa fama não estendida a alguns de seus filhos, qualificados
como “de más intençõens” (Vicente),” perverso e de má nota” (Joaquim), e
de “pouco conceito” (Ambrósio).
Também
o memorialista Luiz D’Alincourt[36],
em sua obra “Memórias sobre a Viagem do Porto de Santos a Cuiabá-1818”, refere-se a Hipólito,
ao descrever o Arraial da Franca, como sendo o seu fundador e ser [...] ele o mais opolento do logar, e sete legoas
arredado pussue uma grande fazenda [...].
Na
Vila Franca do Imperador
A
elevação da Freguesia da Franca à condição de Vila somente se deu em 1821, através
de Portaria baixada pelo Governo Provisório da Província de São Paulo,
presidido por João Carlos Augusto d’Oeynhausen. E as mais dispezas
iniciais da instalação da Câmara, foram feitas à custas de todos os moradores
do Distrito da nova Vila, na conformidade da Portaria do Excelenticimo
Governo Provizorio desta Provincia [São Paulo] datada em 31 de outubro de
1821. O meio pelo qual se arrecadou esses recursos foi a finta, que era um tributo lançado
proporcionalmente aos rendimentos de cada um.
A contribuição do Capitão Hipólito foi de 20$000 (vinte mil réis)[37].
Entretanto,
passaram-se três anos até que se concretizasse o ato do Governo Provisório.
Somente em 1824, é que Lucas Antônio Moreira de Barros, então Presidente da Província
de São Paulo, publicou a portaria de 14 de outubro, na qual determinava ao
Ouvidor Geral da Comarca de Itu, erigisse, o mais breve possível, em vila a
freguesia, advertindo que a mesma se denominaria Vila Franca do Imperador. A
instalação se deu dia 28 de novembro de 1824.
Hipólito
não conseguiu se eleger Capitão-Mor da Vila Franca do Imperador, tendo sido o
terceiro mais votado. Foi eleito Capitão-Mor da Vila Franca do Imperador,
Francisco Antônio Diniz Junqueira, ficando em segundo o Tenente Francisco
Antônio Junqueira[38].
Interessante notar que, em ofício dirigido a José Joaquim Santa Anna, Capitão
Comandante Militar de Franca, datado de 25 de fevereiro de 1825, Micheas
Antonio Carlos de Vilhena acusa Francisco Antonio Diniz Junqueira de estar
buscando apoio para uma mobilização visando a desmembração de Franca e Batatais
para Minas Gerais[39].
Contudo, Francisco Antônio ficou em Franca, onde veio a falecer, de febre, com
todos os sacramentos, aos 17 de Dezembro de 1842.
Hipólito
foi eleito, na constituição da primeira Câmara Municipal[40]
da nova Vila, para exercer o cargo de Juiz Ordinário[41],
o que denota que ainda tinha algum prestígio. Nas eleições seguintes seu nome
não aparece mais.
Hipólito,
aí talvez pela idade avançada, não participou, em nenhum nível, das Anselmadas,
ocorrido na Vila Franca do Imperador em 1838, apesar de ser o Capitão Anselmo
Ferreira Barcelos, personagem central do episódio, seu sobrinho e genro.
E
às fls. 5v, do 4º Caderno, do Livro nº 1 de Assentos de Óbitos
(out.1805-nov.1853) da Matriz de N. Sra. da Conceição de Franca, consta que
aos
dezaceis dias do mez d’Agosto de mil oito centos e quarenta annos, nesta
Frequezia da Franca falecêo de retenção d’urinas com os Sacramentos da
Penitencia e Eucharistia Hyppolito Antonio Pinheiro de idade de noventa e
quatro annos, viuvo por obito de Rita Angelica do Sacramento, seo corpo envolto
em Habito da Senhora do Carmo jaz nesta Matriz feita a Encomendação competente.
O vigário (a) Pedro Celestino Faneco.
Em seu inventário, aberto dia 29 do
mesmo mês e ano, está registrado que o Capitão Hipólito faleceu em sua casa,
localizada no terceiro Distrito do Chapadão, município da Vila Franca do Imperador[42].
Em
suas “Crônicas Francanas”, publicadas no jornal “Commercio da Franca”, na década
de 1930, o historiador Antônio Constantino, membro do “Instituto Historico e
Geographico de S.Paulo”, descreve, a partir de tradição oral, o Capitão Hyppolito como um homem valente
como poucos, que enfrentou perigos constantes nos sertões, robusto, estatura possante,
usava carregar sempre pesado bastão de alecrim, encastoado de prata.
Há, no inventário do Capitão
Hipólito, um bastão, com características semelhantes às descritas por
Constantino, que foi herdado por sua bisneta Maria Umbelina do Carmo, casada
com Francisco Antônio de Campos[43].
Descendência
Foram
11 os filhos gerados por Hipólito e Rita[44]:
1.
Joaquim Gomes Pinheiro, primogênito do casal, natural das Gerais, conforme
declarou no Mapa Geral dos Habitantes da
Nova Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Franca, Termo da Vila de
Mogi-Mirim, de 1807-1808, nascido
por volta de 1778, possivelmente, na mesma localidade onde se realizou o casamento
de seus pais. Casou-se com Maria Joana da Silva, filha de Francisco de Paula e
Silva e de Maria Joana da Silveira, com quem gerou uma filha que chegou à idade
adulta;
2.
Leonor Violante de São José, nascida por volta de 1779, casada com o Capitão
Manoel Francisco de Barros. Geraram 4 filhos;
3.
Luciana Angélica do Sacramento, nascida por volta de 1783, casada com João José
de Souza, filho de Alexandre José de Souza e de Ana Angélica de Jesus, sem geração;
4.
Vicente Gomes Pinheiro, nascido por volta de 1786, casado com Francisca
Angélica da Silva, outra filha de Francisco de Paula e Silva e de Maria Joana
da Silveira, gerando 12 filhos;
5.
Maria Teresa de São José, nascida por volta de 1787, casada duas vezes. A
primeira, com João Gonçalves Campos. João e Maria foram proprietários de
terras, que divisavam com o Patrimônio do
Arraial da Conceição da Franca, que, em 1808, venderam ao Rev. Pe. Joaquim
Martins Rodrigues. Essas terras fizeram parte da Grande Fazenda Palestina
formada pelo primeiro Vigário de Franca. Tiveram 4 filhos. Casou-se, a segunda
vez, com seu cunhado José Joaquim de Oliveira, viúvo de sua irmã Hipólita Antônia
Pinheiro;
6.
João Hipólito Pinheiro, nascido por volta de 1788, falecido solteiro;
7.
Ana Rosa de Jesus, nascida por volta de 1793, casada com seu primo José
Ferreira Telles de Menezes, filho de José Ferreira de Menezes e de Luciana
Ferreira de Barcelos. Foram pais de 8 filhos;
8.
Hipólita Antônia Pinheiro, nascida por volta de 1794, casada com José Joaquim
de Oliveira, filho de Manoel Oliveira Soares e de Tereza Joaquina dos Santos.
Geraram 5 filhos. Viúvo, José casou-se, pela segunda vez, com sua cunhada Maria
Tereza de São José, viúva de João Gonçalves Campos;
9.
Ambrósio Gonçalves Pinheiro, nascido por volta de 1795, casado, em primeiras núpcias,
com sua prima Joaquina Ferreira de Menezes, outra filha de José Ferreira de
Menezes e de Luciana Ferreira de Barcelos. Dessa união nasceram 6 filhos. Em
segundas núpcias, Ambrósio,
uniu-se a Cândida Ambrosina de Oliveira,
donde nasceram 4 filhos. Com a morte de Ambrósio, Cândida Ambrosina casou-se, em segundas núpcias, com Cândido Antônio Garcia. Ambrósio foi o
único descendente que adotou o sobrenome Gonçalves, carregado por seu bisavô
Gregório;
10.
Quintiliano Gomes Pinheiro, nascido por volta de 1797, casado com Ana Rosa de
Jesus, filha de Antônio Vieira Velho (II) e de Rosa Maria de Viterbo; neta
paterna de outro Antonio Vieira Velho (I) e de Maria do Sacramento; neta
materna de José Barcelos Ferreira e de Ana Rosa de Jesus. Tiveram somente 1
filho;
11.
Rita Angélica do Sacramento, nascida por volta de 1799, casada com seu primo Anselmo Ferreira de Barcellos, filho
do Alferes Heitor Ferreira de Barcellos e Ana Angélica de Jesus. Sem geração.
Considerações
finais
Não
pretendemos elaborar uma análise sobre a atuação do Capitão Hipólito na História
da ocupação da Região Nordeste do Estado de São Paulo e parte do Sul de Minas Gerais,
contudo formulamos uma hipótese. Acreditamos na possibilidade de que o Capitão
Hipólito poderia não ter morado no atual Desemboque, Distrito do Município de
Sacramento-MG, apesar de seus filhos lá terem sido batizados e declararem de lá
serem naturais. E nem propriamente na região hoje pertencente ao município de
Ibiraci. Já teria, sim, se instalado, ainda no século XVIII, no Chapadão,
região do termo da futura Vila Franca do Imperador, na época sob jurisdição
eclesiástica da Freguesia de Jacuí. Freqüentaria, Hipólito, o Desemboque,
somente para suas desobrigas[45],
pois que esse estaria mais próximo de seu estabelecimento, do que Jacuí-MG.
Caso existam, talvez os Mapas de População da região, anteriores a 1800, elaborados
para o Governo de Minas Gerais, forneçam maiores informações para se determinar
o paradeiro de Hipólito, antes da criação da Freguesia da Franca. Porém não nos
foi possível, até o momento, localizar essa documentação.
Também quanto à profissão de Hipólito, esses
Mapas de População poderiam trazer esclarecimentos, pois nos documentos por nós
pesquisados encontramos duas informações referentes às suas ocupações.
Em
sua attestação, de 22 de maio de
1814, José Antônio da Silva, Capitão
e Comandante do Arraial de Jacuí, qualifica Hipólito como sendo hum Carapina[46],
termo de origem tupi, que, em vários dicionários, tem o significado de carpinteiro,
ou oficial de carpintaria. Porém, segundo o Prof. Caio César Boschi, carapinas eram profissionais do trato da madeira,
menos qualificados que os oficiais de carpintaria ou marcenaria.
Patrícia Daniele Urias, em seu
trabalho “Edificar em
Minas Gerais no Século XVIII”, (2013, p.145) informa, sobre
os carapinas, que
antes das madeiras serem
entregues desbastadas para ser trabalhadas pelo mestre carpinteiro [...] elas
eram [...] passadas às mãos dos carapinas, encarregados de retirar os alburnes,
deixando os cernes quadrados para que fosse transformados em vigas ou tábuas
[...]
Leonor Rizzi ainda complementa que
por não serem portadores
de cartas de autorização passadas pelas Câmaras Municipais para o exercício da
função, faziam parte dos denominados “carapinas”, muitos que, por algum motivo
sofriam perseguições, embora não tivessem sido condenados ou julgados por atos
que houvessem ferido a lei.[47]
Como
já vimos, nos Mapas de População, que elaborou a partir de 1805, Hipólito informou
somente que se ocupava da agricultura. Poderíamos, todavia, em vista da capacidade
que Hipólito demonstrou ao elaborar o mapa da região[48],
opinar que ele poderia ter sido sim, também, um oficial carpinteiro. Além
disso, em seu inventário há discriminadas diversas ferramentas de carpintaria[49].
O tratamento que lhe dirigiu José Antônio, chamando-o de carapina, teria
somente a intenção de, como inimigo, depreciá-lo.
Preferimos
não colocar um ponto final neste trabalho. Optamos por gerar interrogações,
julgamos, que abrem perspectivas para inúmeras análises, e que podem servir
como ponto de partida para outros trabalhos:
1.
Por que teria Hipólito escolhido vir para a região de Jacuí, quando nenhum de
seus irmãos inteiros o acompanhou? Alguns de seus irmãos uterinos[50],
que estavam aqui no início do século XIX, teriam vindo com ele ainda no século
XVIII?
2.
E sua passagem por Formiga? Quanto tempo teria por lá permanecido?
3.
Ambicionava mesmo tornar-se Capitão de Ordenança por Minas Gerais? Lutaria para
assegurar o domínio mineiro na região? Decidiu por si mesmo colaborar com as pretensões
paulistas, quanto à demarcação das fronteiras? Ou foi cooptado por Inácio
Álvares de Toledo, atuando simplesmente como um elemento útil nessa “operação”
do governo paulista, que não queria conflitar abertamente com o governo
mineiro?
Definir
o personagem Hipólito Antônio Pinheiro, nosso heptavô, dentro do contexto em
que viveu, persiste como um desafio.
NOTAS
[1] DIOMAR, Oswaldo - Genealogia
de Carmo do Cajuru, pag.242.
[3] Irmandade do SS Sacramento de Franca, Livro de
Registro de Inscrições 1811-1870, cópia do original (encadernada), 1 volume,
acervo do AHMF.
[4] Conforme idade declarada nos mapas de população e no
assento de seu óbito.
[5] Livro de Óbitos da Matriz de N.Sra.da Conceição de
Franca (out.1805-out.1853), 3º Caderno, fls. 33v.
[7] Imagem do assento foi a nós gentilmente cedida pelo
pesquisador José Francisco de Paula Sobrinho, em 2008.
[8] O engenheiro militar português José Joaquim da Rocha
ficou conhecido pela sua grandiosa produção cartográfica da Capitania de Minas
Gerais. Chegou ao Brasil na segunda metade do século XVIII, onde ficou até
falecer em 1804, já sexagenário. Escreveu também três memórias históricas sobre
Minas Gerais.
[9] Os livros de assentos da igreja do Desemboque,
referentes ao período pesquisado, estão desaparecidos.
[10] Manoel era natural da Freguesia de Sta. Maria de
Riguanga, Bispado do Porto, Portugal, filho de Manoel Neto Ferreira e Maria
Monteira (Projeto Compartilhar-Genealogia do Cap.Amaro de Mendonça Coelho).
[11] LIMA, Augusto de. Limites entre São Paulo e Minas, pág. 255.
[17] LIMA, Augusto de. Limites entre São Paulo e Minas, pag. 264.
[18] ARQUIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Documentos Interessantes para História e Costumes de São Paulo,
Vol. XI, pag. 446.
[19] LIMA, Augusto de. Limites entre São Paulo e Minas, pág. 304. Informação prestada pelo
Cap. Comte. do Arraial e Distrito de Jacuí, José Antônio da Silva, em sua
atestação, de 22 de maio de 1814, que compõe o processo da pretensão de Jacuí
anexar, ao seu território, a Freguesia de Franca.
[20] MARTINS, Roberto Vasconcellos. Cópia do Livro nº 1 de assentos de Casamentos de
Mogi-Guaçu-SP, transcrito entre os dias 7 e 22 de abril de 1977. Acervo do
“Arquivo Histórico Municipal de Franca.
[21] A disputa, para estabelecer as divisas, entre SP e
MG, que teve início na segunda metade do século XVIII, encerrou-se definitivamente
somente em 1937.
[22] ARQUIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Documentos Interessantes para História e Costumes de São Paulo,
Vol. XI, pag. 453/454.
[23] Igreja
e Urbanização em Franca, Século XIX, Série História Local, vol.8, UNESP-FHDSS:
Amazonas Prods.Calçs. S/A, Franca, 1997.
[24] Antônio e Vicente eram filhos do Cap. de Ordenanças Manoel
de Almeida.
[25] CHIACHIRI, José – Vila Franca do Imperador, págs. 19-21. A escritura de doação,
assentada no Livro do Tombo nº 1 da Matriz de N. Sra. da Conceição de Franca,
foi registrada no Cartório do 2º Tabelião de Franca, em 27 de outubro de 1891.
[26] José Gonçalves de Mello, batizado, em 31.5.1762, na
Capela de S. Miguel do Cajuru, filial da Matriz de S.João Del Rei-MG, era filho
de João Gonçalves de Mello e Ana Quitéria de Souza. Foi casado com Mariana Rosa
de Jesus, filha de Antonio Martins Teixeira e Rita da Costa (Projeto
Compartilhar-Família Gonçalves de Mello). Possuía propriedade que divisava com
o Patrimônio da Freguesia da Franca.
[27] ARQUIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Documentos Interessantes para História e Costumes de São Paulo,
Vol. XI, pag 609.
[28] Seria o quartel paulista, localizado no Morro dos
Quartéis, região atualmente pertencente ao município de Ibiraci-MG.
[29] Guilherme era filho de José Pedroso da Silva e Teresa
de Jesus (do Prado). Casado, aos 04 de maio de 1785, na Freguesia de Jacuí-MG,
com Mariana Monteiro, filha de João Monteiro e Rita Soares. No documento, está
qualificado como homem branco, casado, natural e batizado no Arraial de Santa
Cruz da Vila Boa de Goiás, com 49 anos.
[30] LIMA, Augusto de. Limites entre São Paulo e Minas, pág. 240.
[31] Arquivo Público do Estado de S.Paulo, microfilme
01136, 1994, Maços de População de Franca.
[32] Arquivo Público do Estado de S.Paulo, microfilme
01135, 1994, Maços de População de Franca.
[33] Ofício enviado ao Gov. Franca e Horta datado de 6 de
agosto de 1805.
[34] Grafia original. Termo (registro) que abrevia a
expressão registro de contagem ou registro de entradas, espécie de alfândega
estabelecida à margem de vias fluviais e terrestres, que eram administradas
diretamente pela Coroa portuguesa ou por contratadores. Visava ao controle de
cargas, escravos e gados conduzidos para os distritos mineradores da América
portuguesa e cobrar o tributo respectivo (Castro; Santos; Costa; Menezes,
2006).
[35]Interessante estudo sobre a Lista do Vigário, publicou
o historiador José Chiachiri Filho, no jornal Diário da Franca, em novembro de
1981.
[36] D’Alincourt, oficial engenheiro português, nasceu aos
17 de fevereiro de 1787 em Oeiras, Portugal. Teria falecido no Brasil, no
Espírito Santo, por volta de 1841.
[37] Embora planejado em 1824, somente em 1852 ficou
concluído o prédio da Câmara, sendo complementado em 1884 , ver: Monografia
Câmara Municipal, Arquivo Histórico Municipal de Franca, 1991.
[38] No Império, somente votavam aqueles que tinham, de
acordo com a legislação, as condições para serem eleitores.
[39] ARQUIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Documentos Interessantes para História e Costumes de São Paulo,
Vol. XI, pag. 672/673.
[40] Entre outras atividades das Câmaras constava as de
criar posturas ou leis municipais, tratar do reparo das obras públicas,
estabelecer a contribuição direta dos moradores e fiscalizar a remessa dos rendimentos
nacionais.
[41] Ao Juiz Ordinário cabia apreciar as causas em que se
aplicavam o direito local. Também presidia as sessões da Câmara Municipal. Eram
eleitos dois, que se revezavam nas tarefas, para poderem cuidar de seus
afazeres particulares. Com Hipólito foi eleito Antônio Martins Rodrigues, irmão
do Rev. Joaquim Martins Rodrigues.
[42] O inventário do Capitão Hipólito encontra-se sob
custódia do Arquivo Histórico de Franca (Cx.102-1ºOf).
[43] No
inventário de Hipólito assim consta: [...] valor
de hum bastão com castão de prata [...] seis
mil réis.
[44] Tomamos como base, para informar o ano de nascimento
dos filhos do Cap. Hipólito, a idade citada nas listas dos habitantes de Franca
elaborada em 1829. A
genealogia completa do Cap.Hipólito, publicaremos em nosso trabalho GENEALOGIA
DE FAMÍLIAS ORIUNDAS DE MINAS GERAIS QUE SE INSTALARAM, A PARTIR DO SÉCULO
XVIII, NA REGIÃO DE FRANCA-SP E IBIRACI-MG.
[45] Termo
popular para designar o cumprimento de preceitos da Igreja Católica.
[46] LIMA, Augusto de. Limites entre São Paulo e Minas, pág. 303.
[48] José Chiachiri acreditava também que seria Hipólito o
autor do projeto para construção da Casa de Câmara e Cadeia de Franca.
[50] Antônio Ferreira de Barcelos, Heitor Ferreira de
Barcelos, Luciana Ferreira de Barcelos, casada com José Ferreira de Menezes e
Rosa Maria de Viterbo, casada com Antônio Vieira Velho.
Referências
-
ARQUIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Documentos interessantes para a história e costumes
de São Paulo – VOL. XI – Divisas de São Paulo e Minas Gerais. Espíndola,
Siqueira & Comp., São Paulo, 1896;
ANTÔNIO,
Edna Maria Matos, et al. Coordenação de Hercília Maria Facuri Coelho. Histórias de Franca. Série História
Local, vol. 4, Franca, UNESP-FHDSS, 1997;
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BANDECHI, Pedro Brasil. O Município no
Brasil e sua função política. Coleção da Revista de História, São Paulo,
1977;
-
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de História e Costumes. In: Revista do Instituto Histórico e Geographico de
São Paulo, Vol. XVII, 2ª Edição, Imprensa Oficial do Estado, São Paulo, 1943;
-
CASTRO, José Flávio Morais et al. “Visualização
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as bases urbanas”. In VI Seminário Latino-Americano de Qualidade de Vida
Urbana, 2006, Belo Horizonte, pág. 6;
-
CHIACHIRI, José. Vila Franca do
Imperador, Subsídios para a história de uma cidade. Franca, Editora O Aviso
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-
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Cajuru. Divinópolis, Gráfica Sidil, 2004;
-
LIMA, Augusto de. Limites entre Minas e S. Paulo. Resumo Histórico Documentado. Belo Horizonte, Imprensa Oficial,
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-
LOPES, José Iglair. Colaborador: Dimas Ferreira Lopes. História de Alpinópolis: nos séculos XVIII, XIX e XX, até 1983.
Belo Horizonte , O Lutador, 2002;
-
MATOS, Carlos Alberto Bastos de. Antecedentes
Históricos da Comarca da Franca, in Revista do Sesquicentenário da Comarca
de Franca, Franca, Multiset-Gráfica e Editora, 1989;
-
PAULA SOBRINHO, José Francisco de. A
Formação Histórica das Comunidades no Brasil – Estudo da criação do Arraial de
São Vicente Férrer da Formiga – Sua História e Sua Gente. Belo Horizonte,
Gráfica e Editora Del Rey, 2007;
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TAMBELLINI, J. Machado. A Freguezia dos
Batataes. São Paulo, Cartago Editorial, 2000.
Referências Digitais
Acervos Consultados
Franca-SP
Arquivo Histórico Municipal “Cap.
Hipólito Antônio Pinheiro”
Museu Histórico Municipal “José
Chiachiri”
Centro de Documentação e Apoio à
Pesquisa Histórica–CEDAPH-UNESP/Campus
Arquivo Histórico Diocesano D.
Diógenes Silva Mattes
Ouro Preto – MG
Museu Casa do Conto
Campanha – MG
Centro de Estudos Campanhense
Monsenhor Lefort