sábado, 17 de maio de 2014

Subsídios III


APORTES À HISTÓRIA DO
CAPITÃO HIPÓLITO ANTÔNIO PINHEIRO


Agradecimentos

            Agradecemos a todos aqueles que nos incentivam a continuarmos com nossas pesquisas, especialmente à Profa. Graziela Alves Correa, Diretora do Arquivo Histórico Municipal de Franca “Capitão Hipólito Antonio Pinheiro”, ao pesquisador José Limonti Júnior, da PROBRIG de Ibiraci, à Profa. Margarida Borges Pansani, Diretora do Museu Municipal de Franca “José Chiachiri”, bem como aos seus respectivos funcionários, que tão bem nos recepcionam e auxiliam.  
            Queremos também registrar o eficiente atendimento que nos prestaram os membros da Igreja Mórmon de Franca, e a Profª Flávia Villamarim Tegon, do Centro de Estudos Campanhense Mons. Lefort.


Sumário

Apresentação
Origens
Em busca de novos caminhos
Capitão de Ordenança
Nas divisas de São Paulo e Minas Gerais
Na Vila Franca do Imperador
Descendência
Considerações Finais
Notas
Referências


Apresentação

                        Dentro de nossa proposta de fornecermos SUBSÍDIOS GENEALÓGICOS PARA A HISTÓRIA DA REGIÃO ENTRE O RIO PARDO, NO ESTADO DE SÃO PAULO, E O RIO GRANDE, NO ESTADO DE MINAS GERAIS, referentes a personagens ligados à formação das cidades de Jacuí, Franca e Ibiraci, reunimos, neste texto, informações existentes sobre Hipólito Antonio Pinheiro.
            Tentamos colocar neste nosso trabalho muito do que há, até o momento, levantado sobre esse vulto da História Regional, incluindo nossas descobertas, tornadas públicas já há mais de 6 anos, como o batizado de uma sua filha em Formiga, os óbitos de dois escravos seus, e de um filho seu recém-nascido, em Jacuí, e uma mais recente, qual seja, o registro de Felizardo Antunes Cintra nos Mapas de População de Franca, elaborados por Hipólito, em 1812 e 1813.
            Ao final elaboramos duas hipóteses, uma com referência ao paradeiro de Hipólito, anteriormente à criação da Freguesia da Franca; outra, quanto à sua ocupação.
            Este texto, já o publicamos no livro da Semana dos Museus, promovida pelo Museu Histórico Municipal de Franca “José Chiachiri”, em maio de 2014.


Origens

            O Capitão Hipólito pode ser considerado uma das figuras mais importantes para a História da Região de Franca.  
            Hipólito Antonio Pinheiro teria nascido em 1754, de acordo com os dados informados na Lista Geral dos Habitantes existentes no Districto do Rio Pardo thé o Rio Grande, do ano de 1805, onde também consta ele ser natural da região de Congonhas do Campo-MG. Todavia, levando-se em conta as idades com que Hipólito está relacionado nos Mapas de População de 1806 a 1823, feitos sob sua responsabilidade, e a idade com que faleceu, constante do respectivo assento de óbito, podemos dizer que Hipólito teria nascido entre 1746 e 1754.
            Era o terceiro dos cinco filhos do casal de portugueses Manoel Gomes Pinheiro e Ana Rosa de Jesus. Ele, natural da Freguesia de Cambezes, do Concelho de Barcelos, filho de Gregório Gonçalves e de Cecília Gonçalves de Souza; ela, natural da Freguesia do Divino Espírito Santo da Ilha do Faial, Bispado de Angra, Arquipélago dos Açores, filha de Jerônimo Pereira e Maria de Faria. Manoel e Ana
moravam no Arraial do Rio do Peixe, atual Piracema, então Freguesia de Congonhas do Campo, Termo de Queluz (Conselheiro Lafaiete), Comarca de São João Del Rei, Minas Gerais. São considerados o casal tronco da família. Deixaram larga descendência na região de Desterro de Entre Rios, Passatempo, Rio do Peixe (Piracema) e Carmo do Cajuru, em Minas Gerais[1].

            Após o falecimento de Manoel, Ana Rosa casou-se, uma segunda vez, com José de Barcellos Ferreira, gerando mais seis filhos. Aí o parentesco dos Barcelos Ferreira com Hipólito.
            Hipólito é considerado o fundador de Franca, apesar de, na realidade, ter sido, isto sim, um expoente, entre tantos outros, que criaram as condições para a constituição da “Freguezia de Nossa Senhora da Conceição da Franca e Rio Pardo”, em 1805. E para sua posterior elevação à categoria de vila, então como “Vila Franca do Imperador”, em 1821. Em correspondência, de 14 de novembro de 1808, enviada ao CapIitão André da Motta de Carvalho, que a encaminhou ao Governo da Capitania de São Paulo, Hipólito chegou a se dispor construir, a expensas próprias e de seu Alferes, a Casa da Câmara, Cadeia e Pelourinho, estrutura exigida para que se concretizasse tal aspiração[2].
            Hipólito fez parte da Irmandade do SS Sacramento em Franca-SP, tendo sido admitido em 10 de junho de 1811[3].
            O Capitão Hipólito casou-se, não se sabe o local, com Rita Angélica do Sacramento, cuja ascendência e naturalidade ainda se desconhecem, nascida entre 1749 e 1766[4], falecida, sem testamento, em Franca-SP, em 05 de agosto de 1836, com todos os sacramentos, seu corpo envolto em habito do Carmo, enterrada no Cemitério da Igreja Matriz[5]. Como seu marido, Rita também fez parte da Irmandade do SS Sacramento em Franca, tendo sido admitida em 03 de abril de 1825[6].


Em busca de novas paragens

            Como muitos de seus conterrâneos, Hipólito deixou sua região de origem em direção ao oeste buscando novas oportunidades.  Seu destino foi a região do Arraial de Nossa Senhora do Desterro das Cabeceiras do Rio das Velhas, atual Desemboque, Distrito do Município de Sacramento-MG, na época pertencente à Prelazia de Goiás.
            Passou por S. Vicente Ferrer da Formiga, atual Formiga, na época filial da Matriz de São Bento do Tamanduá, ainda na Capitania de Minas Gerais, local onde sua filha Leonor foi batizada em 24 de maio de 1779, apadrinhada por João do Couto Godinho e Anna Luiza, esta com procuração de Luzia Violante de São José, solteira, da Freguesia do Rio das Mortes[7]. Daí, teria, provavelmente, seguido a rota que passava por Piuí, atravessava o rio Grande, alcançava uma localidade de nome [Pouso Alegre], transpunha os rios São Pedro e São João, até chegar a Jacuí, donde, passando pelo Pinheirinho, seguiu rumo ao Desemboque, próximo às margens do Rio Grande. Esta rota encontra-se descrita no “Mapa da Capitania de Minas Geraes com a Deviza de suas Comarcas”, de 1778, elaborado por José Joaquim da Rocha[8], original pertencente ao acervo do AHEX-Arquivo Histórico do Exército Brasileiro RJ/RJ.
            Documentalmente, tudo leva a crer que Hipólito chegou à região por volta de 1783, pois foi quando nasceu seu terceiro filho, Luciana, batizada no Desemboque. Naquela localidade também foram batizados todos os seus outros filhos, nascidos entre 1783 e 1799[9].
            Com o falecimento de sua mãe, aos 14 de outubro de 1798, Hipólito esteve em Tiradentes, Minas Gerais, onde, na Aplicação da Capela de N. Sra. do Desterro, foi aberto o testamento dela, e processado seu inventário em janeiro de 1799.
            Nos primeiros anos do século XIX, Hipólito encontrava-se instalado na região pertencente ao Aterrado do Jacuí, Termo da Vila da Campanha da Princesa.
            Em abril de 1802, Manoel Francisco Neto[10], Capitão Comandante de Jacuí, propôs que se formasse no Bairro do Aterrado (atual Ibiraci) hua companhia de ordenansa que teria como Capitão Guilherme Pedroso de Barros, como Alferes o irmão deste, Francisco de Freitas Pedroso, e como Porta-Bandeira, Hipólito[11].
            Reforçam a presença de Hipólito na região, três assentos lavrados no livro nº 3 de óbitos da Paróquia de Jacuy-MG. O primeiro, em 1803, se refere ao falecimento de
[...]hum recém-nascido, filho de Hypólito Antonio Pinheiro e de sua mulher Rita Angélica do Sacramento. Seo corpo foi sepultado no Rio das Velhas [Desemboque?], sendo fregueses desta Freguesia, de que para constar mandei fazer o assento, que asigney. O Vigro Collado Manuel de Freitas Sa.[12]

No segundo, em janeiro de 1804, relativo a Manoel do Gentio da Guine[13], e no terceiro, referente a Ana Mulata[14], falecida em 22 de maio de 1804, consta que ambos eram escravos de Hypólito Antonio Pinheiro, morador do Ribeirão do Oiro, do bairro do Aterrado, Districto desta Freguezia [de Jacuy-MG].
            Confirma ainda a localização de Hipólito uma carta, de 27 de novembro de 1808, do Capitão Miliciano Venâncio Maria Torriani, do Registro de Jacui-MG, dirigida ao Juiz de Fora José Joaquim Carneiro de M. Costa, onde o mesmo informa que Hipólito morou para dentro do ribeirão do das Canoas[17] [em território da Capitania de Minas Gerais].


O Capitão de Ordenança

            Hipólito foi nomeado para o posto de Capitam da Compa de Ordenança do Sertão da Estrada de Goyaz, Districto do Rio Pardo athe o Rio Grande termo da Villa de Mogi mirim, através da Carta Patente expedida pelo Governador da Capitania de São Paulo, Antônio José da Franca e Horta, datada de 31 de agosto de 1804, na qual é qualificado como possuidor de toda a Capacidade para reger, e conter o Gentio daquella Fronteira, em cujo poder ficou a Polvora e Chumbo destinado à defeza della. Sua escolha se deu por sugestão de Ignácio Alvarez de Toledo, Tenente pago de Mogi-Guaçu, que, em correspondência dirigida ao Governador Franca e Horta, dizia ser Hipólito homem com as melhores qualidades para se lhe cometer qualquer coisa. Ignácio estava encarregado, pelo Governador Franca e Horta, de inspecionar toda a linha divisória entre São Paulo e Minas Gerais, para tranqüilizar os Povos confinantes desta Capitania [São Paulo] com a de Minas Geraes[18].
            Anteriormente a Hipólito, ocuparam o cargo de Capitão de Ordenanças na região, nomeados pelo governo de São Paulo, Carlos João de Oliveira[19], e, posteriormente, Manoel de Almeida, cujos filhos doaram as terras para a constituição do patrimônio da Freguezia da Franca. Manoel, a quem Hipólito substituiu, era natural de Lisboa, filho dos também lisboetas Simões de Almeida e Arcângela Maria de Mello, casado em Moji-Guaçu-SP, em 11 de janeiro de 1764, com Ana de Souza, natural de Santa Cruz, Capitania de Goiás, filha de João Siqueira e de Isabel de Souza, neta paterna de Manoel Siqueira e de Catarina Antunes [20].
            E, como Capitão, Hipólito muito se empenhou, juntamente com outros moradores da região, na defesa das divisas pleiteadas por São Paulo, contra os mineiros de Jacuí, um processo que se desenrolou por quase 2 séculos[21].
            Um de seus primeiros atos, em agosto de 1805, foi redigir um ofício[22] ao Governador Franca e Horta solicitando, em nome dos moradores do território que estava sob seu comando, a criação de uma Freguesia, para que os mesmos pudessem ser atendidos espiritualmente. Afirma ainda ao Governador que, em atendendo a nossa súplica, seremos felizes, então certifico a V.Exc. que em breve tempo este Sertão fertilizado de Colonos será um segundo Paraizo desta Capitania. Incluso no tal ofício, seguiu [...] Mappa, delinamento do Destricto que V.Exc. me encarregou neste sertão[...].
            Esse mapa, um esboço da região de Franca e Jacuí, já muito conhecido, é bastante detalhado, o que demonstra seria Hipólito pessoa com certo preparo. Também com capacidade para redigir um ofício dirigido a uma autoridade. Ainda com relação à capacidade de Hipólito, Júlio César Bentivoglio[23] levanta uma hipótese sobre a elaboração do discutido plano em forma de cruz para a urbanização da Freguesia de Franca, segundo a qual
[...] tal plano não teria sido obra individual do alferes Manuel Marques de Carvalho, mas que, possivelmente, tanto o capitão Hipólito, quanto o vigário Joaquim Martins Rodrigues, teriam participado de sua elaboração [...] indicando suas inclinações para representar graficamente o espaço físico [...]

            Ora, sendo assim, podemos levantar a hipótese de que ele teria migrado para essa região já ambicionando obter algum cargo de comando. 
            Sustentariam essa suposição, as declarações do já citado Capitão Miliciano Venâncio Maria Torriani, do Sargento Comandante do Desemboque Guilherme de Barros Pedroso, e de Manoel Joaquim de Araújo Braga, Soldado pago do Regimento de Cavalaria de Linha da Praça de Vila Rica, segundo as quais, o Capitão Hipólito teria solicitado ao Governador da Capitania de Minas, Gal. Bernardo José de Lorena, o posto de Capitão Comandante da região, pedido este negado com base em informações de Manoel Joaquim, onde afirmou ser Hipólito hum homem ladrão dos direitos de Sua Alteza Real e costumado a passar por alto sem vir ao Registo tudo quanto podia [...]. Como não obteve sucesso em sua pretensão, Hipólito paçousse a extrada, indo se aliar ao Governo da Capitania de São Paulo.
            E já em dezembro de 1805, por Provimento do Bispo da Cidade de São Paulo, D. Matheus de Abreu Pereira, datado de 29 de agosto do mesmo ano, foi criada a Freguesia da Franca e Rio Pardo, atendendo à pretensão de Hipólito e dos moradores locais. Para a formação do patrimônio da Freguesia, os irmãos Antônio Antunes de Almeida e Vicente Ferreira Antunes[24], e a mulher deste, Maria Francisca Barbosa, fizeram doação, à Igreja, de um quinhão de terras de sua fazenda, denominada Ribeirão de Santa Bárbara. Não se tratava, conforme consta da escritura de doação, da criação de uma nova Freguesia, pois na realidade o que houve foi a transferência da Matriz de Caconde para Franca, ficando esta com a mesma área de atendimento pastoral daquela[25]. Caconde somente voltou a ser freguesia em 1824.
            Nos Mapas de População, elaborados, a partir de 1805, sob a responsabilidade do Capitão Hipólito, consta que ele se ocupava da agricultura, plantando e vendendo arroz, feijão, milho, algodão; que criava e comercializava eqüinos e porcos, e também vendia rapadura e aguardente.
            Em 1810, em ofício dirigido a Hipólito, o Governador da Capitania de São Paulo, General Antônio José da Franca e Horta afirmava que tinha resolvido [...] erigir em Vila essa Freguezia, e nomear a Vm.cê capitám-mór della em remuneração do oferecimento que fez de fazer a sua custa a Casa da Camara e Cadêa [...] Porém, Franca e Horta, apesar de ter permanecido no governo até 1814, não conseguiu levar a cabo seu intento.
             Em 1813 decidiu-se pela criação de uma 2ª Companhia de Ordenanças na região, sob o comando do Capitão José Gonçalves de Mello[26]. Hipólito passou então a comandar a 1ª Companhia, conforme dados constantes dos Mapas de População da Região, elaborados a partir daquele ano.
            O desempenho de Hipólito como Capitão de Ordenanças, parece, não agradava a seus superiores. Passados 10 anos de sua nomeação, em setembro de 1815, o Capitão-Mor de Mogi-Mirim, oficiou a D. Francisco de Assis Mascarenhas, 6º Conde Palma, sucessor de Franca e Horta, expondo o pouco cuidado que [tinha] o Comandante da Franca [...] em prender os malfeitores, e remette-los às Justiças. Em resposta, o Governador informava que havia tomado a decisão de, por ora, [dispensar] do Comando da Freguezia da Franca ao Capitão Hipólito [...], vistas as suas moléstias, e idade, até que deliberasse se havia de ter baixa do Posto ou ser reformado. O Conde Palma concluiu essa parte de sua correspondência determinando que o comando da Franca fosse entregue ao Alferes Heitor Ferreira de Barcelos, irmão uterino de Hipólito, a quem de minha parte recomendará tenha todo o cuidado em prender aos Facinorozos, e remette-los à Justiças dessa Villa [de Mogi-Mirim][27]
            A deliberação do Governador, porém, parece foi outra. E Hipólito, em 1816, pede providências, ao
Nobre Senado da Villa de Mogimirim, [para que não ficasse] desfeitiado [por causa que] um Alcaide e seu Escrivão auxiliado por hum official pago e muitos apessados, [a mando da Câmara de Jacuí] botarão o Quartel do aterrado abaixo e arrancarão o marco da deviza desta Capitania [São Paulo] fincando outro no Ribeirão das Canoaz [...] porque [estavam] os de Jacuhy mofando [do]  Quartel [...][28]. 


Nas divisas de São Paulo e Minas Gerais

            Por conta da disputa pela demarcação das divisas entre São Paulo e Minas Gerais, Hipólito foi acusado, em depoimento do Sargento Comandante do Aterrado do Desemboque Guilherme de Barros Pedroso[29], prestado em 23 de maio de 1807, no Arraial do Jacuí-MG, em processo instaurado pela Câmara da Vila de Campanha da Princesa, Comarca do Rio das Mortes, Capitania de Minas Gerais, de ter removido o marco de divisa, entre as duas Capitanias (SP-MG), estabelecida no rio Pardo, avançando 14 léguas para dentro da Capitania de Minas Gerais, instalando um quartel para garantir a posse, por parte do governo de São Paulo, do novo território. Contudo, como outros moradores da região apossada, Guilherme não queria dar obediência ao governo de São Paulo. Então, declarou, que o dito Capm. Hipolito Antonio e outros muitos em numero de oitenta e três todos armados obrigarão a elle testemunha a asignar termo de obediência ao dito governo [...][30]. Este fato foi também testificado por outros depoentes. E logo no Mapa de 1808, feito por Hipólito, já figuram Guilherme (fogo 009)[31] e seus dois irmãos, Francisco e Joaquim. E permanecem listados até o Mapa de 1813.
            Curioso que também Felizardo Antunes Cintra, futuro Capitão da Cia. de Ordenança do Distrito do Aterrado, Termo da Vila do S. Carlos do Jacuí, nomeado pelo governo da Capitania de Minas Gerais, em 03 de dezembro de 1816, e considerado fundador de Ibiraci, faz parte de dois dos Mapas que Hipólito elaborou. Em 1812 (fogo 155)[32], no qual está citado como novo entrante, e em 1813, não constando dos demais.
            A partir dessas informações, poderíamos concluir que Hipólito teria conseguido, pelo menos por alguns anos, “anexar” o território do Aterrado à Capitania de São Paulo.
            Por seu turno, Hipólito relata que
[...] Guilherme de Barros Pedroso morador do sitio Aterrado, que empenhado a puxar dicto lugar para Minas geraes, sem respeitar aos Marcos [...] veio prender a Antonio Rodrigues Gonçalves morador no já mencionado Lugar, só a fim de ser proposto Commandante de dicto Território, como aqui he publico[33].   
            No mesmo processo acima citado, outras testemunhas declararam que o Capitão Hipólito era quem encabeçava, conluiado com o Vigário de Mogi-Guaçu, Rev. João Damasceno, e com o Capitão-Mor José dos Santos Cruz, os moradores e fazendeiros da Freguesia de Jacuí, e muitos das Gerais, que desejavam prestar obediência ao governo de São Paulo, com o interesse de não pagarem os Reaes quintos no Registo[34] tanto das cargas de Fazendas Secos e Molhados como negros novos e animaes cavallares que entravam para a Capitania de Minas Gerais.
            No entanto, pelo lado dos paulistas, a opinião sobre Hipólito era outra. Além do já mencionado Ignácio Alvarez de Toledo, o Vigário de Franca, Pe. Joaquim Martins Rodrigues, em sua lista elaborada em 1819[35], a pedido do Governador da Capitania de São Paulo, João Carlos Augusto Oeyenhausen e Gravenburg, qualifica Hipólito como homem pacífico e de probidades. Boa fama não estendida a alguns de seus filhos, qualificados como “de más intençõens” (Vicente),” perverso e de má nota” (Joaquim), e de “pouco conceito” (Ambrósio).                                                                                                               
            Também o memorialista Luiz D’Alincourt[36], em sua obra “Memórias sobre a Viagem do Porto de Santos a Cuiabá-1818”, refere-se a Hipólito, ao descrever o Arraial da Franca, como sendo o seu fundador e ser [...] ele o mais opolento do logar, e sete legoas arredado pussue uma grande fazenda [...].  


Na Vila Franca do Imperador

            A elevação da Freguesia da Franca à condição de Vila somente se deu em 1821, através de Portaria baixada pelo Governo Provisório da Província de São Paulo, presidido por João Carlos Augusto d’Oeynhausen. E as mais dispezas iniciais da instalação da Câmara, foram feitas à custas de todos os moradores do Distrito da nova Vila, na conformidade da Portaria do Excelenticimo Governo Provizorio desta Provincia  [São Paulo] datada em 31 de outubro de 1821. O meio pelo qual se arrecadou esses recursos foi a finta, que era um tributo lançado proporcionalmente aos rendimentos de cada um.  A contribuição do Capitão Hipólito foi de 20$000 (vinte mil réis)[37].
            Entretanto, passaram-se três anos até que se concretizasse o ato do Governo Provisório. Somente em 1824, é que Lucas Antônio Moreira de Barros, então Presidente da Província de São Paulo, publicou a portaria de 14 de outubro, na qual determinava ao Ouvidor Geral da Comarca de Itu, erigisse, o mais breve possível, em vila a freguesia, advertindo que a mesma se denominaria Vila Franca do Imperador. A instalação se deu dia 28 de novembro de 1824.
            Hipólito não conseguiu se eleger Capitão-Mor da Vila Franca do Imperador, tendo sido o terceiro mais votado. Foi eleito Capitão-Mor da Vila Franca do Imperador, Francisco Antônio Diniz Junqueira, ficando em segundo o Tenente Francisco Antônio Junqueira[38]. Interessante notar que, em ofício dirigido a José Joaquim Santa Anna, Capitão Comandante Militar de Franca, datado de 25 de fevereiro de 1825, Micheas Antonio Carlos de Vilhena acusa Francisco Antonio Diniz Junqueira de estar buscando apoio para uma mobilização visando a desmembração de Franca e Batatais para Minas Gerais[39]. Contudo, Francisco Antônio ficou em Franca, onde veio a falecer, de febre, com todos os sacramentos, aos 17 de Dezembro de 1842.
            Hipólito foi eleito, na constituição da primeira Câmara Municipal[40] da nova Vila, para exercer o cargo de Juiz Ordinário[41], o que denota que ainda tinha algum prestígio. Nas eleições seguintes seu nome não aparece mais.
            Hipólito, aí talvez pela idade avançada, não participou, em nenhum nível, das Anselmadas, ocorrido na Vila Franca do Imperador em 1838, apesar de ser o Capitão Anselmo Ferreira Barcelos, personagem central do episódio, seu sobrinho e genro.
            E às fls. 5v, do 4º Caderno, do Livro nº 1 de Assentos de Óbitos (out.1805-nov.1853) da Matriz de N. Sra. da Conceição de Franca, consta que
aos dezaceis dias do mez d’Agosto de mil oito centos e quarenta annos, nesta Frequezia da Franca falecêo de retenção d’urinas com os Sacramentos da Penitencia e Eucharistia Hyppolito Antonio Pinheiro de idade de noventa e quatro annos, viuvo por obito de Rita Angelica do Sacramento, seo corpo envolto em Habito da Senhora do Carmo jaz nesta Matriz feita a Encomendação competente. O vigário (a) Pedro Celestino Faneco.

            Em seu inventário, aberto dia 29 do mesmo mês e ano, está registrado que o Capitão Hipólito faleceu em sua casa, localizada no terceiro Distrito do Chapadão, município da Vila Franca do Imperador[42].
            Em suas “Crônicas Francanas”, publicadas no jornal “Commercio da Franca”, na década de 1930, o historiador Antônio Constantino, membro do “Instituto Historico e Geographico de S.Paulo”, descreve, a partir de tradição oral, o Capitão Hyppolito como um homem valente como poucos, que enfrentou perigos constantes nos sertões, robusto, estatura possante, usava carregar sempre pesado bastão de alecrim, encastoado de prata.
            Há, no inventário do Capitão Hipólito, um bastão, com características semelhantes às descritas por Constantino, que foi herdado por sua bisneta Maria Umbelina do Carmo, casada com Francisco Antônio de Campos[43].

Descendência

            Foram 11 os filhos gerados por Hipólito e Rita[44]:
                        1. Joaquim Gomes Pinheiro, primogênito do casal, natural das Gerais, conforme declarou no Mapa Geral dos Habitantes da Nova Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Franca, Termo da Vila de Mogi-Mirim, de 1807-1808, nascido por volta de 1778, possivelmente, na mesma localidade onde se realizou o casamento de seus pais. Casou-se com Maria Joana da Silva, filha de Francisco de Paula e Silva e de Maria Joana da Silveira, com quem gerou uma filha que chegou à idade adulta;
                        2. Leonor Violante de São José, nascida por volta de 1779, casada com o Capitão Manoel Francisco de Barros. Geraram 4 filhos;
                        3. Luciana Angélica do Sacramento, nascida por volta de 1783, casada com João José de Souza, filho de Alexandre José de Souza e de Ana Angélica de Jesus, sem geração;
                        4. Vicente Gomes Pinheiro, nascido por volta de 1786, casado com Francisca Angélica da Silva, outra filha de Francisco de Paula e Silva e de Maria Joana da Silveira, gerando 12 filhos;
                        5. Maria Teresa de São José, nascida por volta de 1787, casada duas vezes. A primeira, com João Gonçalves Campos. João e Maria foram proprietários de terras, que divisavam com o Patrimônio do Arraial da Conceição da Franca, que, em 1808, venderam ao Rev. Pe. Joaquim Martins Rodrigues. Essas terras fizeram parte da Grande Fazenda Palestina formada pelo primeiro Vigário de Franca. Tiveram 4 filhos. Casou-se, a segunda vez, com seu cunhado José Joaquim de Oliveira, viúvo de sua irmã Hipólita Antônia Pinheiro;
                        6. João Hipólito Pinheiro, nascido por volta de 1788, falecido solteiro;
                        7. Ana Rosa de Jesus, nascida por volta de 1793, casada com seu primo José Ferreira Telles de Menezes, filho de José Ferreira de Menezes e de Luciana Ferreira de Barcelos. Foram pais de 8 filhos;
                        8. Hipólita Antônia Pinheiro, nascida por volta de 1794, casada com José Joaquim de Oliveira, filho de Manoel Oliveira Soares e de Tereza Joaquina dos Santos. Geraram 5 filhos. Viúvo, José casou-se, pela segunda vez, com sua cunhada Maria Tereza de São José, viúva de João Gonçalves Campos;
                        9. Ambrósio Gonçalves Pinheiro, nascido por volta de 1795, casado, em primeiras núpcias, com sua prima Joaquina Ferreira de Menezes, outra filha de José Ferreira de Menezes e de Luciana Ferreira de Barcelos. Dessa união nasceram 6 filhos. Em segundas núpcias, Ambrósio, uniu-se a Cândida Ambrosina de Oliveira, donde nasceram 4 filhos. Com a morte de Ambrósio, Cândida Ambrosina casou-se, em segundas núpcias, com Cândido Antônio Garcia. Ambrósio foi o único descendente que adotou o sobrenome Gonçalves, carregado por seu bisavô Gregório;
                        10. Quintiliano Gomes Pinheiro, nascido por volta de 1797, casado com Ana Rosa de Jesus, filha de Antônio Vieira Velho (II) e de Rosa Maria de Viterbo; neta paterna de outro Antonio Vieira Velho (I) e de Maria do Sacramento; neta materna de José Barcelos Ferreira e de Ana Rosa de Jesus. Tiveram somente 1 filho;
                        11. Rita Angélica do Sacramento, nascida por volta de 1799, casada com seu primo Anselmo Ferreira de Barcellos, filho do Alferes Heitor Ferreira de Barcellos e Ana Angélica de Jesus. Sem geração.


Considerações finais

            Não pretendemos elaborar uma análise sobre a atuação do Capitão Hipólito na História da ocupação da Região Nordeste do Estado de São Paulo e parte do Sul de Minas Gerais, contudo formulamos uma hipótese. Acreditamos na possibilidade de que o Capitão Hipólito poderia não ter morado no atual Desemboque, Distrito do Município de Sacramento-MG, apesar de seus filhos lá terem sido batizados e declararem de lá serem naturais. E nem propriamente na região hoje pertencente ao município de Ibiraci. Já teria, sim, se instalado, ainda no século XVIII, no Chapadão, região do termo da futura Vila Franca do Imperador, na época sob jurisdição eclesiástica da Freguesia de Jacuí. Freqüentaria, Hipólito, o Desemboque, somente para suas desobrigas[45], pois que esse estaria mais próximo de seu estabelecimento, do que Jacuí-MG. Caso existam, talvez os Mapas de População da região, anteriores a 1800, elaborados para o Governo de Minas Gerais, forneçam maiores informações para se determinar o paradeiro de Hipólito, antes da criação da Freguesia da Franca. Porém não nos foi possível, até o momento, localizar essa documentação.
             Também quanto à profissão de Hipólito, esses Mapas de População poderiam trazer esclarecimentos, pois nos documentos por nós pesquisados encontramos duas informações referentes às suas ocupações.
            Em sua attestação, de 22 de maio de 1814, José Antônio da Silva, Capitão e Comandante do Arraial de Jacuí, qualifica Hipólito como sendo hum Carapina[46], termo de origem tupi, que, em vários dicionários, tem o significado de carpinteiro, ou oficial de carpintaria. Porém, segundo o Prof. Caio César Boschi, carapinas eram profissionais do trato da madeira, menos qualificados que os oficiais de carpintaria ou marcenaria.
Patrícia Daniele Urias, em seu trabalho “Edificar em Minas Gerais no Século XVIII”, (2013, p.145) informa, sobre os carapinas, que
antes das madeiras serem entregues desbastadas para ser trabalhadas pelo mestre carpinteiro [...] elas eram [...] passadas às mãos dos carapinas, encarregados de retirar os alburnes, deixando os cernes quadrados para que fosse transformados em vigas ou tábuas [...]
Leonor Rizzi ainda complementa que
por não serem portadores de cartas de autorização passadas pelas Câmaras Municipais para o exercício da função, faziam parte dos denominados “carapinas”, muitos que, por algum motivo sofriam perseguições, embora não tivessem sido condenados ou julgados por atos que houvessem ferido a lei.[47]
            Como já vimos, nos Mapas de População, que elaborou a partir de 1805, Hipólito informou somente que se ocupava da agricultura. Poderíamos, todavia, em vista da capacidade que Hipólito demonstrou ao elaborar o mapa da região[48], opinar que ele poderia ter sido sim, também, um oficial carpinteiro. Além disso, em seu inventário há discriminadas diversas ferramentas de carpintaria[49]. O tratamento que lhe dirigiu José Antônio, chamando-o de carapina, teria somente a intenção de, como inimigo, depreciá-lo.
            Preferimos não colocar um ponto final neste trabalho. Optamos por gerar interrogações, julgamos, que abrem perspectivas para inúmeras análises, e que podem servir como ponto de partida para outros trabalhos:
            1. Por que teria Hipólito escolhido vir para a região de Jacuí, quando nenhum de seus irmãos inteiros o acompanhou? Alguns de seus irmãos uterinos[50], que estavam aqui no início do século XIX, teriam vindo com ele ainda no século XVIII?
            2. E sua passagem por Formiga? Quanto tempo teria por lá permanecido?
            3. Ambicionava mesmo tornar-se Capitão de Ordenança por Minas Gerais? Lutaria para assegurar o domínio mineiro na região? Decidiu por si mesmo colaborar com as pretensões paulistas, quanto à demarcação das fronteiras? Ou foi cooptado por Inácio Álvares de Toledo, atuando simplesmente como um elemento útil nessa “operação” do governo paulista, que não queria conflitar abertamente com o governo mineiro?
            Definir o personagem Hipólito Antônio Pinheiro, nosso heptavô, dentro do contexto em que viveu, persiste como um desafio.

           
NOTAS




[1] DIOMAR, Oswaldo - Genealogia de Carmo do Cajuru, pag.242.
[2] José Chiachiri acreditava que Hipólito teria sido o autor do projeto para a construção do prédio da Câmara e Cadeia. Isso baseado em um desenho existente no acervo do Museu Histórico de Franca, que retrata um prédio com as características do que foi, no início do século XX, cedido, pela Câmara Municipal,  para a instalação do Grupo Escolar Cel. Francisco Martins. Em nossa opinião, o primeiro edifício usado para tal fim não teria sido esse, construído, segundo Fransérgio Follis, somente em 1852.
[3] Irmandade do SS Sacramento de Franca, Livro de Registro de Inscrições 1811-1870, cópia do original (encadernada), 1 volume, acervo do AHMF.
[4] Conforme idade declarada nos mapas de população e no assento de seu óbito.
[5] Livro de Óbitos da Matriz de N.Sra.da Conceição de Franca (out.1805-out.1853), 3º Caderno, fls. 33v.
[6] Op. Cit.
[7] Imagem do assento foi a nós gentilmente cedida pelo pesquisador José Francisco de Paula Sobrinho, em 2008.
[8] O engenheiro militar português José Joaquim da Rocha ficou conhecido pela sua grandiosa produção cartográfica da Capitania de Minas Gerais. Chegou ao Brasil na segunda metade do século XVIII, onde ficou até falecer em 1804, já sexagenário. Escreveu também três memórias históricas sobre Minas Gerais.
[9] Os livros de assentos da igreja do Desemboque, referentes ao período pesquisado, estão desaparecidos.
[10] Manoel era natural da Freguesia de Sta. Maria de Riguanga, Bispado do Porto, Portugal, filho de Manoel Neto Ferreira e Maria Monteira (Projeto Compartilhar-Genealogia do Cap.Amaro de Mendonça Coelho).
[11] LIMA, Augusto de. Limites entre São Paulo e Minas, pág. 255.
[12] https://familysearch.org/pal:/MM9.3.1/TH-1-15068-2039-28?cc=2177275&wc=M9WT-H8B:n1458460163 : accessed 02 Mar 2014), Jacuí > São Carlos Borromeu > Óbitos 1777, Jan-1856, Abr > image 106 of 181.
[13] https://familysearch.org/pal:/MM9.3.1/TH-1-15068-1240-17?cc=2177275&wc=M9WT-H8B:n1458460163 : accessed 02 Mar 2014), Jacuí > São Carlos Borromeu > Óbitos 1777, Jan-1856, Abr > image 167 of 181.
[14] https://familysearch.org/pal:/MM9.3.1/TH-1-15068-1221-88?cc=2177275&wc=M9WT-H8B:n1458460163 : accessed 02 Mar 2014), Jacuí > São Carlos Borromeu > Óbitos 1777, Jan-1856, Abr > image 168 of 181.
[17] LIMA, Augusto de. Limites entre São Paulo e Minas, pag. 264.
[18] ARQUIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Documentos Interessantes para História e Costumes de São Paulo, Vol. XI, pag. 446. 
[19] LIMA, Augusto de. Limites entre São Paulo e Minas, pág. 304. Informação prestada pelo Cap. Comte. do Arraial e Distrito de Jacuí, José Antônio da Silva, em sua atestação, de 22 de maio de 1814, que compõe o processo da pretensão de Jacuí anexar, ao seu território, a Freguesia de Franca.
[20] MARTINS, Roberto Vasconcellos. Cópia do Livro nº 1 de assentos de Casamentos de Mogi-Guaçu-SP, transcrito entre os dias 7 e 22 de abril de 1977. Acervo do “Arquivo Histórico Municipal de Franca.
[21] A disputa, para estabelecer as divisas, entre SP e MG, que teve início na segunda metade do século XVIII, encerrou-se definitivamente somente em 1937.
[22] ARQUIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Documentos Interessantes para História e Costumes de São Paulo, Vol. XI, pag. 453/454. 
[23] Igreja e Urbanização em Franca, Século XIX, Série História Local, vol.8, UNESP-FHDSS: Amazonas Prods.Calçs. S/A,  Franca, 1997.
[24] Antônio e Vicente eram filhos do Cap. de Ordenanças Manoel de Almeida.
[25] CHIACHIRI, José – Vila Franca do Imperador, págs. 19-21. A escritura de doação, assentada no Livro do Tombo nº 1 da Matriz de N. Sra. da Conceição de Franca, foi registrada no Cartório do 2º Tabelião de Franca, em 27 de outubro de 1891.
[26] José Gonçalves de Mello, batizado, em 31.5.1762, na Capela de S. Miguel do Cajuru, filial da Matriz de S.João Del Rei-MG, era filho de João Gonçalves de Mello e Ana Quitéria de Souza. Foi casado com Mariana Rosa de Jesus, filha de Antonio Martins Teixeira e Rita da Costa (Projeto Compartilhar-Família Gonçalves de Mello). Possuía propriedade que divisava com o Patrimônio da Freguesia da Franca.
[27] ARQUIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Documentos Interessantes para História e Costumes de São Paulo, Vol. XI, pag 609.
[28] Seria o quartel paulista, localizado no Morro dos Quartéis, região atualmente pertencente ao município de Ibiraci-MG.
[29] Guilherme era filho de José Pedroso da Silva e Teresa de Jesus (do Prado). Casado, aos 04 de maio de 1785, na Freguesia de Jacuí-MG, com Mariana Monteiro, filha de João Monteiro e Rita Soares. No documento, está qualificado como homem branco, casado, natural e batizado no Arraial de Santa Cruz da Vila Boa de Goiás, com 49 anos.
[30] LIMA, Augusto de. Limites entre São Paulo e Minas, pág. 240.
[31] Arquivo Público do Estado de S.Paulo, microfilme 01136, 1994, Maços de População de Franca.
[32] Arquivo Público do Estado de S.Paulo, microfilme 01135, 1994, Maços de População de Franca.
[33] Ofício enviado ao Gov. Franca e Horta datado de 6 de agosto de 1805.
[34] Grafia original. Termo (registro) que abrevia a expressão registro de contagem ou registro de entradas, espécie de alfândega estabelecida à margem de vias fluviais e terrestres, que eram administradas diretamente pela Coroa portuguesa ou por contratadores. Visava ao controle de cargas, escravos e gados conduzidos para os distritos mineradores da América portuguesa e cobrar o tributo respectivo (Castro; Santos; Costa; Menezes, 2006).
[35]Interessante estudo sobre a Lista do Vigário, publicou o historiador José Chiachiri Filho, no jornal Diário da Franca, em novembro de 1981. 
[36] D’Alincourt, oficial engenheiro português, nasceu aos 17 de fevereiro de 1787 em Oeiras, Portugal. Teria falecido no Brasil, no Espírito Santo, por volta de 1841.
[37] Embora planejado em 1824, somente em 1852 ficou concluído o prédio da Câmara, sendo complementado em 1884 , ver: Monografia Câmara Municipal, Arquivo Histórico Municipal de Franca, 1991.
[38] No Império, somente votavam aqueles que tinham, de acordo com a legislação, as condições para serem eleitores.
[39] ARQUIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Documentos Interessantes para História e Costumes de São Paulo, Vol. XI, pag. 672/673.
[40] Entre outras atividades das Câmaras constava as de criar posturas ou leis municipais, tratar do reparo das obras públicas, estabelecer a contribuição direta dos moradores e fiscalizar a remessa dos rendimentos nacionais.
[41] Ao Juiz Ordinário cabia apreciar as causas em que se aplicavam o direito local. Também presidia as sessões da Câmara Municipal. Eram eleitos dois, que se revezavam nas tarefas, para poderem cuidar de seus afazeres particulares. Com Hipólito foi eleito Antônio Martins Rodrigues, irmão do Rev. Joaquim Martins Rodrigues.
[42] O inventário do Capitão Hipólito encontra-se sob custódia do Arquivo Histórico de Franca (Cx.102-1ºOf).
[43] No inventário de Hipólito assim consta: [...] valor de hum bastão com castão de prata  [...] seis mil réis.
[44] Tomamos como base, para informar o ano de nascimento dos filhos do Cap. Hipólito, a idade citada nas listas dos habitantes de Franca elaborada em 1829. A genealogia completa do Cap.Hipólito, publicaremos em nosso trabalho GENEALOGIA DE FAMÍLIAS ORIUNDAS DE MINAS GERAIS QUE SE INSTALARAM, A PARTIR DO SÉCULO XVIII, NA REGIÃO DE FRANCA-SP E IBIRACI-MG.
[45] Termo popular para designar o cumprimento de preceitos da Igreja Católica.
[46] LIMA, Augusto de. Limites entre São Paulo e Minas, pág. 303.
[48] José Chiachiri acreditava também que seria Hipólito o autor do projeto para construção da Casa de Câmara e Cadeia de Franca.
[49] Especificamente de carpinteiro, havia discriminado, 1 compasso de carpinteiro, 2 formões de carpinteiro, 2 formões largos de carpinteiro, 2 goivinhas de carpinteiro.
[50] Antônio Ferreira de Barcelos, Heitor Ferreira de Barcelos, Luciana Ferreira de Barcelos, casada com José Ferreira de Menezes e Rosa Maria de Viterbo, casada com Antônio Vieira Velho.


Referências


- ARQUIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Documentos interessantes para a história e costumes de São Paulo – VOL. XI – Divisas de São Paulo e Minas Gerais. Espíndola, Siqueira & Comp., São Paulo, 1896;

ANTÔNIO, Edna Maria Matos, et al. Coordenação de Hercília Maria Facuri Coelho. Histórias de Franca. Série História Local, vol. 4, Franca, UNESP-FHDSS, 1997;

- BANDECHI, Pedro Brasil. O Município no Brasil e sua função política. Coleção da Revista de História, São Paulo, 1977;

- CARVALHO, Affonso de. A Franca, Esboço de História e Costumes. In: Revista do Instituto Histórico e Geographico de São Paulo, Vol. XVII, 2ª Edição, Imprensa Oficial do Estado, São Paulo, 1943;

- CASTRO, José Flávio Morais et al. “Visualização Cartográfica dos Mapas de Minas Gerais dos Setecentos e Oitocentos: em destaque as bases urbanas”. In VI Seminário Latino-Americano de Qualidade de Vida Urbana, 2006, Belo Horizonte, pág. 6;

- CHIACHIRI, José. Vila Franca do Imperador, Subsídios para a história de uma cidade. Franca, Editora O Aviso de Franca, 1967;

- DIOMAR, Oswaldo. Genealogia de Carmo do Cajuru. Divinópolis, Gráfica Sidil, 2004;

- LIMA, Augusto de. Limites entre Minas e S. Paulo. Resumo Histórico Documentado. Belo Horizonte, Imprensa Oficial, 1920;

- LOPES, José Iglair. Colaborador: Dimas Ferreira Lopes. História de Alpinópolis: nos séculos XVIII, XIX e XX, até 1983. Belo Horizonte , O Lutador, 2002;

- MATOS, Carlos Alberto Bastos de. Antecedentes Históricos da Comarca da Franca, in Revista do Sesquicentenário da Comarca de Franca, Franca, Multiset-Gráfica e Editora, 1989;

- PAULA SOBRINHO, José Francisco de. A Formação Histórica das Comunidades no Brasil – Estudo da criação do Arraial de São Vicente Férrer da Formiga – Sua História e Sua Gente. Belo Horizonte, Gráfica e Editora Del Rey, 2007;

- TAMBELLINI, J. Machado. A Freguezia dos Batataes. São Paulo, Cartago Editorial, 2000.


Referências Digitais
            https://www.familysearch.org
            https://www.projetocompartilhar.org
            https://www.arquivoestado.sp.org.br
            https://www.siaapm.cultura.mg.gov.br

Acervos Consultados
            Franca-SP
            Arquivo Histórico Municipal “Cap. Hipólito Antônio Pinheiro”
            Museu Histórico Municipal “José Chiachiri”
            Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa Histórica–CEDAPH-UNESP/Campus  
            Arquivo Histórico Diocesano D. Diógenes Silva Mattes
            Ouro Preto – MG
            Museu Casa do Conto
            Campanha – MG
            Centro de Estudos Campanhense Monsenhor Lefort

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