MARIA AMÉLIA DE VASSIMON, JOSÉ GARCIA DUARTE
sua ascendência comum
Apresentação
Dentro de nossa proposta de
fornecermos SUBSÍDIOS GENEALÓGICOS PARA
A HISTÓRIA DA REGIÃO ENTRE O RIO PARDO, NO ESTADO DE SÃO PAULO, E O RIO GRANDE,
NO ESTADO DE MINAS GERAIS, referentes a personagens ligados à formação das
cidades de Jacuí, Ibiraci e Franca, apresentamos, neste fascículo, dados
genealógicos de Maria Amélia de Vassimon, a Baronesa da Franca, e de seu
primeiro marido José Garcia Duarte, o Barão da Franca. Estas informações vêm acrescentar
e esclarecer o que já há publicado a respeito desses dois vultos da História
Regional, embora haja muito, ainda, que se pesquisar sobre a genealogia dos Barões.
Neste
nosso trabalho mostramos a ascendência materna da Baronesa, que tem origem,
entre outras, nas famílias Alves Taveira e Garcia, sendo que por esta última
fica caracterizada a ascendência comum do casal.
Este
texto, já o publicamos no livro da Semana dos Museus promovida pelo Museu
Histórico Municipal de Franca “José Chiachiri”, em maio de 2013.
Sônia Regina Belato de Freitas Lelis
Sônia Regina Belato de Freitas Lelis
Walter Antônio Marques Lelis
Dedicamos este trabalho ao incansável
pesquisador histórico José Limonti Júnior, e à comunidade ibiraciense, donde Maria
Amélia de Vassimon é filha ilustre.
Agradecemos
a todos aqueles que nos incentivam a continuarmos com nossas pesquisas, especialmente
à Profa. Graziela Alves Correa, Diretora do Arquivo Histórico Municipal de
Franca “Cap. Hipólito Antonio Pinheiro”, ao pesquisador José Limonti Júnior, da
PROBRIG de Ibiraci, à Profa. Margarida Borges Pansani, Diretora do Museu
Municipal de Franca “José Chiachiri”, bem como aos seus respectivos
funcionários, que tão bem nos recepcionam e auxiliam.
Queremos
também registrar o eficiente atendimento que nos prestaram os membros da Igreja
Mórmon de Franca; os funcionários do Centro de Memória Histórica de Passos-MG; a
Srª Maria Cristina Osório de Menezes Freitas, do
Cartório do Primeiro Ofício e de Protesto de Títulos e Letras de Franca;
os historiadores Elza Maria Carvalho Valladão, do Centro de Estudos Campanhense
Mons. Lefort, e Luis Renato T. Lima, do Museu Municipal Histórico e Pedagógico
“Alfredo e Afonso de Taunay”, de Casa Branca-SP.
Ao
Prof. Dr. Oswaldo Mário Serra Truzzi, autor do livro “Memorial dos Vassimon,
Trajetória familiar de emigrantes da Revolução Francesa a Portugal e ao Brasil”,
nosso especial agradecimento.
I
Breve genealogia de Maria Amélia de Vassimon
Breve genealogia de Maria Amélia de Vassimon
Maria Amélia de Vassimon nasceu aos 26 de Maio de 1859 e foi
batizada aos 19 de Junho desse mesmo ano, em Nossa Senhora das
Dores do Aterrado, atual Ibiraci-MG, filha de Nicolau Tolentino Cachedenier de
Vassimon e de Maria Rita Carolina de Vassimon.
Assento do Batizado de Maria Amélia de Vassimon
Sua mãe, Maria Rita Carolina, nascida pelo ano de 1829, faleceu aos 14 de Novembro de 1891, em Franca-SP, onde foi sepultada no Cemitério da Saudade, em jazigo para ela construído pela filha Baronesa da Franca.
. Seu
pai, Nicolau Tolentino, nascido pelo
ano de 1812, em Lisboa, Portugal, chegou ao Rio de Janeiro no ano de 1830. Em
seu registro de estrangeiro consta que era de estatura ordinária, claro,
cabelos castanhos, olhos azuis, nariz regular, boca direita, rosto comprido.[1]
Ainda solteiro teve dois filhos. “O
primeiro deles, José Tolentino de Vassimon, nasceu em 1831, quando Nicolau
contava apenas 19 anos. Do segundo, só sabemos o seu nome: Joaquim José de Vassimon”.[2]
Nicolau Tolentino foi caixeiro viajante.
Provavelmente, sua profissão o tenha levado ao Aterrado (Ibiraci-MG), onde se
casou, pelo ano de 1848, com Maria Rita
Carolina. Faleceu aos 12 de Setembro de1863, de inflamação, e foi
sepultado, solenemente, no Adro da Matriz de Nossa Senhora das Dores, no
Aterrado (Ibiraci-MG). Foi inventariado em 1864 pela mulher Maria Rita Carolina, à época, grávida
do nono filho do casal.
Nicolau Tolentino legou aos descendentes
um monte-mor de 6.023$901 (seis contos, vinte e três mil, novecentos e hum
réis) em jóias, ouro; dinheiro em espécie, prataria; louça fina; bebidas;
tecidos, inclusive franceses; mercúrio; balança; chumbo; armas; ferramentas;
arreios; animais equinos e bovinos; escravos; terras na fazenda do Charquinho,
no Distrito do Aterrado (Ibiraci-MG); um pasto no patrimônio do Aterrado
(Ibiraci-MG), e uma casa no Aterrado (Ibiraci-MG), com os seus fundos, ou
frente, no Largo da Matriz, avaliada em 2.300$000, a qual acreditamos possa ser
onde está instalada, atualmente, a sede da PROBRIG. As dívidas passivas totalizavam
2.759$830. As Dívidas Ativas somavam mais de 3.200$000, com mais de cem
devedores, locais e da região, o que nos leva a opinar ter sido ele comerciante
estabelecido.
Com
a morte de Nicolau Tolentino, Maria Rita
Carolina conseguiu a tutela de seus filhos órfãos, conforme Termo de Tutela
datado de 26 de Agosto de 1864. Do processo, além de outros, consta o
depoimento do Padre Fortunato José da
Costa, Pároco da Freguesia de Dores do Aterrado (Ibiraci-MG), onde o mesmo
afirmou que Maria Rita Carolina
[...] hé ornada de
habilitaçoens, e digna de ser Tutora de seus filhos menores, e como viuva seu
procedimento tem sido regular, tem bastante equinomia, para bem regularizar a
adminstração dos bens de seus filhos e athé tem bastante actividade pª o comercio
[...].[3]
Maria Rita Carolina e Nicolau Tolentino geraram nove filhos dos quais
quatro chegaram à idade adulta, além de Maria
Amélia:
1-
Joaquim Sérvulo de Vassimon,
batizado aos 06 de Janeiro de 1850, com 14 dias, na Matriz de Nossa Senhora das
Dores do Aterrado-Ibiraci-MG. Casou-se com Maria
Cândida de Jesus, viúva por óbito de Francisco Thomaz Garcia. Geraram pelo
menos quatro filhos.
2-
Maria Carolina de Vassimon, nascida
pelo ano de 1856 em
Nossa Senhora das Dores do Aterrado-Ibiraci-MG. Casou-se com João Carlos de Vilhena, filho do Cap.
Antônio Carlos de Vilhena e de Maria de Sant’Ana Vilhena. Geraram oito filhos.
3-
Maria Arlinda (Olímpia) de Vassimon, nascida
aos 07 de Agosto de 1860 e batizada aos 08 de Setembro do mesmo ano, em Nossa Senhora das
Dores do Aterrado-Ibiraci-MG. Casou-se com José
Carlos de Vilhena, filho do Cap. Antônio Carlos de Vilhena e de Maria de
Sant’Ana Vilhena. Foram pais de sete filhos.
4-
Maria Eugênia de Vassimon, batizada
aos 24 de Junho de 1864, com 20 dias, em Nossa Senhora das
Dores do Aterrado-Ibiraci-MG. Casou-se com José
Vicente Evilásio de Lima, filho de José Manoel de Lima e de Maria Laudemira
Cândida de Jesus. Com geração.
Maria Rita Carolina de Vassimon, em
estado de viúva, foi mãe de:
5-
Maria Placidina de Vassimon, nascida
aos 14 de Junho de 1867 e batizada no dia 24 do mesmo mês e ano, em Nossa Senhora das Dores
do Aterrado-Ibiraci-MG. Casou-se com o médico Dr. Domenico De Lucca, Barão de Strazzari[4], nascido
pelo ano de 1840, em Celle di Bulgheria, Salerno, Campania, Itália[5], e
falecido aos 06 de Outubro de 1904, em Franca-SP. Dessa
união nasceram oito filhos.
6-
Maria Deolinda de Vassimon, batizada
aos 18 de Maio de 1871, com 16 dias, em Nossa Senhora das
Dores do Aterrado-Ibiraci-MG. Casou-se com José
Justino de Andrade.
Maria Amélia de Vassimon era, pelo lado paterno:
-
Neta do francês François-Antoine
Benoit Cachedenier de Vassimon (Barão de Vassimon) e da lisboeta Mariana do
Carmo Machado;
- Bisneta
de Antoine Benoit Cachedenier de Vassimon (Barão de Vassimon) e Barbe Charlotte
Comeau.
. Pelo
lado materno:
-
Neta de Joaquim Alves Garcia e
Jesuína Moreira da Rocha;
-
Bisneta de José Luiz Garcia e
Escolástica Maria de São José;
-
Trineta de Mateus Luiz Garcia e
Francisca Maria de Jesus; de Joaquim Alves Taveira e Maria José do Espírito
Santo, casal este tronco dos “Alves
Taveira” da região de Franca, Ibiraci e Claraval;[6]
- Tetraneta
de Diogo Garcia e Júlia Maria da Caridade, uma das famosas “três ilhoas”;
de José Martins Borralho e Teodora Barbosa de Lima; de Manoel Alves Taveira e
Josefa Leme de Lima. Manoel e Josefa, casal que deu origem à Família Alves Taveira no Sul de Minas, Brasil;
-
Pentaneta de Mateus Luiz e Ana
Garcia;
-
Hexaneta de Diogo Rodrigues e
Bárbara Duarte.
Igreja
Matriz de Nossa Senhora das Dores de Ibiraci-MG,
onde
foi batizada Maria Amélia de Vassimon, e celebrado o seu matrimônio
com
José Garcia Duarte. Foto do acervo dos autores.
II
Breve genealogia de José Garcia Duarte
José Garcia Duarte foi batizado, “com Provisão da Vara
desta Comarca”, pelo Reverendo Felippe [...], aos 28 de Novembro de 1825, conforme
assento às fls. 80, do Livro nº 1 de Batizados da Freguesia do Senhor Bom Jesus
da Cana Verde dos Batataes, atual Batatais-SP.
Assento do Batizado de José Garcia Duarte, Barão da Franca
De acordo com o Maço de População[7] de Batatais-SP do ano de 1825, José morava no Fogo nº 25 daquela localidade em companhia de seu pai, o Alferes Antônio Garcia (Duarte), 36 anos (que sabia ler e escrever), de sua mãe, Ana Vitória (de São José), 25 anos, de seu irmão Francisco, 7 anos, de suas irmãs Maria, 5 anos, e Ana, 2 anos, e de cinco escravos. Viviam do ofício de ferreiro de seus escravos.
Recorte
do Mapa de População de Batatais-SP de 1825,
disponível
no site do Arquivo Público do Estado de São Paulo
Em
1835 a
família aparece no Maço de População de São Simão-SP, com escravos, criando
porcos, plantando milho, arroz e feijão.
Em
1842, segundo o conceituado genealogista José Guimarães, o Alferes Antônio
Garcia Duarte teria sido eleito vereador da primeira Câmara constituída no
município de Casa Branca-SP.
Antes
de se estabelecer em território paulista, oriunda de Minas Gerais, a família de
Antônio Garcia Duarte residiu em Pouso Alegre-MG, onde foi batizada a filha Ana
aos 23 de Dezembro de 1823.
Pelo
lado paterno, José era:
- Neto
de José Gracia Duarte, natural da Ilha do Fayal, e de sua segunda mulher, Maria
do Rosário;
-
Bisneto de Antônio Gracia e de sua
primeira mulher, Maria Josefa de Santo Antônio, ambos naturais da Ilha do
Fayal;
-Trineto
de Francisco Rodrigues e Francisca Gracia; de Paschoal Rodrigues e Maria da
Paixão;
-
Tetraneto de Diogo Rodrigues e
Bárbara Duarte; de Antônio Gracia e Maria Correa.
Pelo
lado materno, o Barão era[8]:
-
Neto de José Borges da Costa[9] e
Ana Maria da Trindade;
-
Bisneto de Domingos Borges da Costa
e Madalena Cardoso; de Sebastião Francisco Pereira e Maria Guedes de Gusmão;
-
Trineto de Antônio Borges da Costa e
Maria Gonçalves; de Manoel Vaz Guimarães e Antônia Cardoso;
-
Tetraneto de Antônio Vaz e Ana
Francisca; de João Rabelo de Castro e Maria Bicudo.
José Garcia Duarte casou-se, em
primeiras núpcias, com Ana Cândida Junqueira, nascida pelo ano
de 1839. Falecida em Franca-SP, aos 29 de Outubro de 1872, filha de José
Bernardes da Costa Junqueira e de Inácia de Andrade Junqueira. A celebração,
embora não tenhamos localizado o assento do casamento, teria sido realizada na
Fazenda do Bebedorzinho, localizada no Termo da Franca[10], em
casa dos pais da noiva, conforme Provisão assinada pelo Padre Manoel Coelho
Vital, datada de 12 de Setembro de 1853.[11]
José e Ana Cândida foram pais de:
1- Firmina Garcia Duarte, batizada em
Franca-SP, aos 21 de Junho de 1859, com 30 dias. Casou-se aos 29 de Julho de 1874, em Franca-SP, com
Luciano Vieira Santiago, natural de Cássia-MG. Com geração.
2- Inácia Garcia
Duarte, batizada em
Franca-SP, com 42 dias de vida, aos 23 de Junho de 1860. Casou-se aos 29 de
Julho de 1875, em Franca-SP, com seu primo Antônio
Flávio Martins Ferreira, considerado fundador de Avanhandava-SP, filho de
Flávio Martins Ferreira e de Inácia Rita de Andrade. Geraram 12 filhos.
III
A Baronesa e o Barão
A Baronesa e o Barão da Franca com a afilhada
deles, Maria Carolina de Jesus, mãe do
Sr.
Nelson Alves Peixoto. Acervo de José Scarano – Ibiraci-MG
Maria Amélia de Vassimon
e o Coronel José Garcia Duarte,
viúvo, receberam-se em matrimônio aos 19 de Fevereiro de 1873, na Matriz de
Nossa Senhora das Dores, no Aterrado, atual Ibiraci-MG. Sem geração.
Assento do Casamento de
Maria Amélia de Vassimon e José Garcia Duarte
O dote que Maria Amélia levou para o casamento, no valor de 7.000$000, recebeu-o do Capitão Antônio Dionísio de Lima, líder político e abastado fazendeiro de Dores do Aterrado (Ibiraci-MG). A partir desse consórcio Maria Amélia passou a assinar Maria Amélia Garcia Duarte.
Em
19 de Novembro de 1888, o Coronel José
Garcia Duarte foi honrado com o título de Barão da Franca, outorgado pelo Imperador D. Pedro II. Desta data
em diante, José e Maria Amélia passaram a assinar, e serem
citados, como Barão e Baronesa da Franca.
O
Barão da Franca, José Garcia Duarte, faleceu,
sem testamento, aos 09 de Fevereiro de 1891, em Franca-SP, conforme Certidão de Óbito, tendo como declarante a Baronesa da Franca. Foi sepultado
no Cemitério da Saudade, dessa cidade, em jazigo para ele construído.
Certidão de Óbito do Barão da Franca
Maria Amélia casou-se, em segundas núpcias, aos 28 de Janeiro de
1892, em Franca-SP, com o Juiz de Direito
Dr. João Antunes de Araújo Pinheiro,
nascido aos 17 de Outubro de 1857, na Cidade de Espírito Santo, Comarca de Pau
D’Alho, Pernambuco, filho de Antônio Antunes da Silva e de Teresa dos Santos
Pinheiro. Com essa união, Maria Amélia,
novamente, alterou o seu nome para Maria
Amélia de Araújo Pinheiro. Sem filhos.
A Baronesa e seu segundo marido, Dr. João Antunes de Araújo Pinheiro
Acervo Museu Histórico de Franca
O Dr. João Antunes foi, no ano de 1898, testamenteiro e inventariante do Capitão Antônio Dionísio de Lima, falecido aos 21 de Março de 1897, o qual em seu último testamento de 12 de Março de 1897, ditado em sua residência, à Rua Direita, em Ibiraci-MG,
[...] disse que não tendo descendentes e nem herdeiros
forçado descendentes legítimos, nomeava como seus unicos e universaes herdeiros,
as seguintes filhas de Dona Maria Rita Carolina de Vassimon [...] que são:
Dona Maria Amelia de Araujo Pinheiro,
casada com o Doutor João Antunes de Araujo Pinheiro [...]; Dona Maria Arlinda de Vassimon Vilhena,
casada com o Capitão José Carlos de Vilhena [ ...]; Dona Maria Eugenia de Vassimon Lima, casada com o Tenente José Vicente
Evilazio de Lima [ ... ]; Dona Maria
Placidina de Vassimon de Lucca, casada com o medico Doutor Domenico de
Lucca [ ... ]; Dona Maria Deolinda de Vassimon
Andrade, casada com Jose Justino de Andrade [ ... ]; e alem dessas
herdeiras acima descriptas, que nomeava e constituia como sexto herdeiro, os
filhos da finada Dona Maria Carolina de
Vassimon Vilhena, que fôra casada com João Carlos de Vilhena [ ... ][12]
O
Dr. João Antunes de Araújo Pinheiro faleceu aos 05 de Fevereiro de 1914, em Franca-SP, com testamento no qual
declara
[...] que no dia vinte e oito [...], guiado por uma
felis estrela, casou-se com Dona Maria Amélia Antunes Pinheiro. [...] e,
confessa elle testador que, na via dolorosa em que se vio envolvido, vendo
diante de si um vácuo, perdidas a sua fé e esperança, encontrou em sua mulher
Dona Maria Amélia de Araújo Pinheiro, uma resignação evangélica, porquanto
ella, sem uma palavra acre, sempre dedicada, aconselhava-lhe coragem,
acompanhando-o como uma Esposa estóica e exemplar, e inspirando-lhe os
verdadeiros sentimentos de caridade. É facto, disse o testador, que sentiu,
conheceo e vio que a bôa Esposa é o sopro divino que levanta no coração do
homem a precisa coragem para a luta da vida, e o bem estar, e elle testador teve essa
próva, pois sua mulher o amparou, zelando sempre pela sua pessôa na crise que
decorreo [...] que, agradecido, e muito a sua companheira na vida, pede-lhe
perdão de quaisquer faltas que por ventura lhe tenha magoado, sendo certo que
sempre procurou cumprir com os deveres de esposo extremoso. [...][13]
Foi
sepultado no Cemitério da Saudade de Franca-SP em jazigo para ele construído
pela Baronesa da Franca.
Após
a morte de seu segundo marido, Maria
Amélia permaneceu viúva até falecer.
Maria Amélia fez dois testamentos públicos,
que integram seu inventário, escritos no 4º Ofício de Notas, na cidade do Rio
de Janeiro, um no ano de 1923, e o outro no ano de 1925. No primeiro, datado do
dia 21 de Julho de 1923, declarou ser filha natural de Antonio Dionísio de Lima
e de Maria Rita Carolina de Vassimon. Contudo, no segundo, do dia 06 de Maio de
1925, disse ser filha legítima de Nicolau Tolentino de Vassimon e de Maria Rita
Carolina de Vassimon. Essas suas afirmações serviram, entre outras argumentações,
para embasar uma apelação judicial, julgada improcedente, promovida por seu
irmão Joaquim Sérvulo de Vassimon e outros contra o Espólio, em razão de não ter
a Baronesa, em suas disposições testamentárias, contemplado os seus parentes “[...]
por não ter delles motivo de gratidão. [...]”
Maria Amélia faleceu aos 28 de Março de
1929, em Franca-SP, onde foi sepultada no Jazigo do Barão da Franca, seu
primeiro marido, no Cemitério da Saudade, conforme seu pedido em testamento, e
documento comprobatório constante de seu inventário.
Jazigo onde foram sepultados Maria
Amélia de Vassimon e José Garcia Duarte, os Barões da Franca,
existente no Cemitério da Saudade
em Franca (SP) – Foto acervo dos autores
. Os
legados que a Baronesa da Franca deixou
foram, conforme sua vontade, encaminhados por seu testamenteiro e inventariante,
Higino de Oliveira Caleiro, à Santa Casa de Misericórdia e a várias igrejas da
cidade de Franca; aos pobres e à Igreja Matriz de Dores do Aterrado
(Ibiraci-MG); aos Santuários de Aparecida do Norte-SP e de Bom Jesus de
Pirapora-SP.
Era
também seu desejo que se construísse um asilo-colônia para os portadores de
hanseníase da cidade de Franca. Todavia, em razão de os mesmos terem sido
removidos para o Asilo-Colônia de Cocais, em Casa Branca,
acordou-se direcionar os recursos para a construção de um pavilhão naquele
sanatório com o nome da Baronesa da Franca.[14]
Igualmente pretendia a Baronesa a criação de um asilo para
órfãos em seu sobrado localizado à Praça Barão, antigo Largo da Aclamação. Mas
por não ser o imóvel adequado para a função, decidiu-se construir um pavilhão, para
essa finalidade, junto ao Asilo São Vicente de Paulo, o qual levaria o seu
nome, e cuja manutenção seria obtida com a renda gerada pelo arrendamento ou
locação do citado sobrado.
Palacete da Baronesa, terceiro prédio da
esquerda para a direita
IV
Ascendência comum da Baronesa e do Barão
da Franca
É
na Família Garcia que se encontra a
ascendência comum de Maria Amélia de Vassimon e de José Garcia Duarte.
De acordo com os genealogistas José Guimarães,
Cid Guimarães, Ari Florenzano, Roberto V. Martins e Marta Amato, do casal
tronco Diogo Rodrigues e Bárbara Duarte
originaram-se três ramos: Diogo Garcia,
do qual descende a Baronesa da Franca, Garcia
Duarte, ao qual pertence o Barão da Franca, e Garcia Leal. Porém, por ser
o sobrenome Garcia de origem patronímica, há diversas famílias que o adotaram
sem proveniência comum. Encontra-se grafado, além de Garcia, como Garcês, Garcez
e Gracia.
Os
que vieram para a região de Franca-SP e Ibiraci-MG, a partir do século XVIII,
são descendentes de portugueses procedentes da Ilha do Faial, Arquipélago dos
Açores, que se fixaram primeiramente no Sul de Minas Gerais.
Diogo
Rodrigues cc Bárbara Duarte
|
|||||||
Ana Garcia
cc
Mateus Luiz
|
Francisco Rodrigues
cc
Francisca Garcia
|
||||||
Diogo Garcia
cc
Júlia Maria da Caridade
|
Antônio Garcia
cc
Maria Josefa de Santo Antônio
|
||||||
Mateus Luis Garcia
cc
Francisca Maria de Jesus
|
José Garcia Duarte
cc
Maria do Rosário
|
||||||
José Luis Garcia
cc
Escolástica Maria de S José
|
Antônio Garcia Duarte
cc
Ana Vitória de São José
|
||||||
Joaquim Alves Garcia
cc
Jesuína Moreira da Rocha
|
José
Garcia Duarte
Barão da
Franca
|
||||||
Maria Rita Carolina
cc
Nicolau Tolentino C. de Vassimon
|
|||||||
Maria
Amélia de Vassimon
Baronesa
da Franca
|
|||||||
Referências Bibliográficas
BARROS, José Fernando
Cedeño de. A Família Rocha Povoadora de Santa Rita do Passa Quatro. In: Revista
da ASBRAP nº 4, 1997.
DI GIANNI, Tércio P.,
Italianos em Franca.
Franca, SP: UNESP Campus de Franca, 1997.
FLORENZANO, Ari.
Genealogia Mineira: Taveiras. Anuário Genealógico Brasileiro, volumes VIII e X.
Instituto Genealógico Brasileiro, 1946 – 1948.
GUIMARÃES, José. As Três
Ilhoas. Obra póstuma. Organizada por Roberto Vasconcelos Martins e Leide Morais
Guimarães, 1990.
GUIMARÃES, José. Os
Garcias. Voz Diocesana, Campanha-MG, Ago-Set-Out.1959.
TOCALINO, Luiz Carlos;
QUEIROZ, Isaura Inês M. R. A Descendência
de João Garcia de Carvalho, filho de Manoel Garcia Leal, Campinas, SP: Edição
dos Autores, 2007.
TRUZZI, Oswaldo Mário Serra. Memorial
dos Vassimon, Trajetória familiar de emigrantes da Revolução Francesa a
Portugal e ao Brasil. São Carlos, SP: Rima Editora, 2001.
Referências Digitais
https://www.familysearch.org
www.arquivoestado.sp.gov.br
Instituições Consultadas
Campanha-MG
Centro de Estudos Campanhense
Monsenhor Lefort
Casa Branca-SP
Museu Municipal Histórico e
Pedagógico “Alfredo e Afonso de Taunay”
Franca-SP
Arquivo Histórico Municipal “Cap. Hipólito Antônio Pinheiro”
Cartório do Primeiro
Ofício e de Protesto de Títulos e Letras
Museu Histórico Municipal
“José Chiachiri”
Ibiraci-MG
Paróquia de Nossa Senhora
das Dores
PROBRIG – Protetores da
Bacia do Rio Grande
Passos-MG
Centro de Memória
Histórica
[1]
RODRIGUES, José Honório. Nota liminar. In: Ministério da Justiça e Negócios
Interiores. Registro de Estrangeiros
1831-1839.Rio de Janeiro: Publicações do Arquivo Nacional, 1962, p.V, apud
Oswaldo Mário Serra Truzzi, 2001, p.126.
[2] TRUZZI,
Oswaldo Mário Serra. Memorial dos Vassimon. São Carlos: Rima, 2001, p.153.
[3] CENTRO DE MEMÓRIA HISTÓRICA DE PASSOS-MG. Inventário de Nicolau Tolentino de
Vassimon, 1864. Pasta 012, Documento
001.
[4] Em Franca, ainda que não tenham tido uma
participação de primeiro plano na política no período da Primeira República, a
participação dos imigrantes e/ou de seus descendentes no cenário local não pode
ser ignorada. Destaque deve ser dado à rápida absorção pela oligarquia francana
de figuras como a do farmacêutico Caetano Petraglia e a do médico Domenico De
Lucca, que se apresentava com o título de Barão de Strazzari. Ambos se
identificavam como o que Warren Dean chamou de uma "burguesia
imigrante", ou seja, imigrantes que vieram para o Brasil com certo capital
e, assim, puderam investir em terras, negócios urbanos e no comércio. Oswaldo
Truzzi; Maria Teresa Miceli; Agnaldo de Souza Barbosa. Rev.bras.Ci.Soc.vol.27
no.80 São Paulo Oct. 2012. Disponível em: <www.scielo.br>. Acesso em: 25.01.2013. 15h50.
Contudo, o Dr. Domenico, que também foi o primeiro
presidente da Fratelli Italiani Uniti, em Franca-SP, por ocasião de sua morte,
teve seus bens leiloados para pagamento de dívidas.
[5] DI
GIANNI, Tércio P., Italianos em Franca. Franca, SP: UNESP Campus de Franca, 1997.
[6] A
genealogia completa dos Alves Taveira está
em GENEALOGIA DE FAMÍLIAS, ORIUNDAS DE MINAS GERAIS QUE SE INSTALARAM, A PARTIR DO SÉC.XVIII, NA REGIÃO DE
FRANCA-SP E IBIRACI-MG, a ser publicada pelos autores
deste trabalho.
[7] Disponível
em: <www.arquivoestado.sp.gov.br>.
Acesso em: 20.11.2012. 19h44.
[8]
GUIMARÃES, José. Família Borges da Costa. In: Revista da ASBRAP nº 7, São
Paulo, 2000, p.225-257.
[9] Segundo
alguns autores, o Barão seria neto de um dos fundadores de Ribeirão Preto-SP.
Todavia, o referido fundador é José Borges da Costa (Filho), tio materno do
Barão.
[10] Termo
equivale, em significado e abrangência, à moderna palavra município,
compreendendo a zona urbana e rural. O Termo de Franca, na época, abrangia os
municípios das atuais microrregiões geográficas (IBGE) de Franca e Ituverava.
[11]
Interessante notar que no documento original a palavra setembro está grafada
como “7bro”, abreviatura utilizada na época.
[12] ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL DE FRANCA “CAP. HIPÓLITO
ANTÔNIO PINHEIRO”. Autos de Inventário de Maria Amélia de Araújo
Pinheiro. Fundo: Cartório do 1º
Ofício, Caixa 209, Documento 206.
[13]
CARTÓRIO DO 1º OFÍCIO DE NOTAS E PROTESTOS DE FRANCA. Testamento Público que fez Dr. João Antunes de Araújo Pinheiro. Livro
122, fls. 63, 64 e 65. Respeitada a ortografia original.
.
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